12. mental breakdown

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— pandora!

A primeira parte da sua manhã não fora nada produtiva.

Nas poucas aulas em que não caiu no sono, foi quase impossível conseguir prestar atenção. Sua mente não estava focada em fórmulas físicas, ou na quantidade de arestas que um polígono tinha; não era como se ela fosse usar isso no futuro — supondo que conseguisse impedir o apocalipse e tivesse, de fato, um futuro.

Antes mesmo de conhecer Michael, a vida de Pandora posterior ao Ensino Médio sempre parecera irreal. A menina não tinha a menor ideia do que queria fazer; ela não conseguia se ver em profissão alguma. Afinal, como poderia saber o que queria ser no seu futuro, se nem sabia o que era no seu presente?

Quando a penúltima aula da manhã chegou ao fim, a garota demorou-se no caminho até seu armário. Naquele dia em específico, ela estava recebendo mais olhares que o comum, fator que levou-a a crer que a notícia do que acontecera no shopping durante a tarde anterior havia se espalhado.

A Williams se irritava profundamente com a forma que os adolescentes à sua volta tratavam os acontecimentos que os cercavam; um beijo qualquer em uma festa tornava-se assunto da semana, términos de namoro sempre eram motivos de especulação, brigas entre amigos faziam com que achassem que tinham direito a dar palpite... Ela não estaria nem um pouco surpresa se estivessem chamando-a de fresca por ter recusado o convite do aluno por quem a maioria das meninas molhavam suas calcinhas — como Esther insistiu em dizer durante todo o caminho até o colégio mais cedo naquela manhã. Por pouco, Pandora não jogou-se do veículo em movimento; qualquer dor de joelho ralado era ínfima comparada ao sofrimento que era ouvir a Price criticar suas ações.

Felizmente, quando alcançou seu armário, nenhuma das duas amigas estava por perto para retomar o assunto de mais cedo.

Enfim, um momento de paz, pensou.

Não tão cedo, o universo respondeu.

— Pandora — uma voz a chamou, conforme ela guardava seus materiais.

A ruiva virou-se, vendo Genevieve Forbes, sua parceira de laboratório. Ela estranhou o fato de a menina estar parada do lado do seu armário, não só porque o de Genevieve ficava na direção oposta, como também porque elas não trocavam mais de duas palavras fora da sala de aula.

— Oi. — Pandora tentou abrir um sorriso simpático, mas duvidava que seu cansaço e mau-humor colaborariam.

— Como está se sentindo? — a menina indagou, analisando a Williams com preocupação.

— Normal. — Franziu a sobrancelha. — Por que?

— É que você pareceu bem... Desnorteada — explicou. — Durante a primeira aula de hoje.

Pandora piscou algumas vezes, tentando recordar qual foi sua primeira aula. Sabia que não tinha Química naquele dia, então a única outra aula que compartilhava com a Forbes era Sociologia.

— Ah, eu só estava cansada — disse, dando um tapinha no ar como se não fosse nada. — Maratonei séries até duas da manhã e a voz da Sra. Parks não colabora com o sono, você sabe como é.

— Sei — sua colega sorriu, mas a Williams logo percebeu que se tratava de um sorriso forçado.

— Para que a preocupação repentina? — questionou. — Aconteceu alguma coisa?

O olhar de Genevieve oscilou.

— Nada de mais — mentiu.

— Ah, mas parece ser algo importante — A ruiva manteve a voz doce, mas sua expressão endurecia conforme ela falava. — Se é sobre mim, não acha que eu deveria saber?

ME AND THE DEVIL ➸ michael langdonOnde histórias criam vida. Descubra agora