— pandora!
Pandora não sabia o tamanho da sua necessidade por uma cama até suas costas atingirem o macio colchão do seu quarto de hotel. Sentia-se cansada; física e psicológicamente. Seu corpo inteiro doía e, agora que estava, enfim, sozinha e — graças à Lilith —, temporariamente sem ter a voz de um anjo lembrando-a que sua vida era uma completa desgraça, pôde deixar que seu cérebro absorvesse tudo o que havia ocorrido naquele dia. Foram tantas coisas, que os acontecimentos da sua manhã — menos de vinte e quatro horas atrás —, pareciam tão distantes, como se tivessem ocorrido semanas atrás.
A menina sentia-se estranha em vários aspectos. Não estava acostumada a passar a noite sem ter Michael do seu lado e isso a estressava; ela não dependia do Langdon, então por que seu corpo não relaxava por completo quando ele estava longe? Por que não deixava de sentir culpa por ter sido fria com Michael quando se declarou para ela? Pandora sabia que tinha sido a melhor opção, mas seu estômago continuava a queimar toda vez que se lembrava das suas palavras.
A ruiva grunhiu, deitando de bruços e enterrando o rosto no seu travesseiro. Odiava aquela sensação, aquele sentimento, aqueles pensamentos. Em suma, Pandora odiava estar apaixonada.
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Na manhã seguinte, despertou com a luz do sol incomodando seus olhos. Lembrava-se de ter deixado as cortinas fechadas, ou seja, tudo indicava que Lilith as tinha aberto.
— Está na hora de acordar — sua voz avisou, confirmando as suspeitas de Pandora.
A adolescente grunhiu, virando-se e vendo o demônio sentado à beira da cama. Já estava vestindo outro par de roupas negras, quase idêntico ao do dia anterior, e seus lábios estavam cobertos por uma grossa camada de batom vermelho.
— Droga, você é real — a Williams praguejou, em meio a um bocejo. Por um breve segundo, a menina tivera a esperança de que a visita de Lilith fizesse parte do seu pesadelo da noite anterior, mas, ao que tudo indicava, havia se enganado; ela estava mesmo ali. — Se me dá licença, Lilith, eu não sou um "demônio completo", ou seja, diferente de você, eu preciso descansar.
O travesseiro no qual Pandora apoiava sua cabeça foi bruscamente tirado dela, em seguida, seu edredom voou longe. Lilith, porém, permanecia com a expressão inalterada, como se usar a telecinese para acordar a filha não exigisse qualquer tipo de esforço — e, de fato, não exigia.
— Está na hora do almoço e você dormiu as oito horas necessárias para o seu organismo... — A mulher fez uma pausa, franzindo o nariz conforme analisava a ruiva. — Quase mundano.
Pandora bufou, sentando-se sobre a cama e encarando o demônio com raiva.
— Acordei — anunciou, erguendo os braços. — Feliz?
— Ficaria ainda mais se tomasse um banho e colocasse uma roupa decente. — Lilith levantou-se, chegando perto da porta. — Vamos sair para almoçar hoje e terminar a nossa conversinha de ontem, já que está plenamente descansada.
Revirando os olhos, a Williams saiu da cama, caminhando em direção ao banheiro. Antes que a mãe pudesse deixar o cômodo, virou-se e disse:
— Deve ser novidade para você, mas nós mundanos temos uma coisa muito importante chamada privacidade. — Usou as mãos para fazer um gesto amplo, indicando o ambiente à sua volta. — O que significa que você não pode simplesmente entrar no quarto das pessoas assim.
— Não foi você que invadiu uma casa por conta de um "sonho"? — Lilith colocou as mãos sobre a cintura, lançando um olhar incisivo na direção da filha.
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ME AND THE DEVIL ➸ michael langdon
FanfictionPandora Williams sempre odiou sua vida. Abandonada pela mãe com o pai misterioso que nunca fala sobre seu passado, ela jamais entendeu o que significa pertencer; se encaixar. Jamais teve um propósito. Em um dia que deveria ser tão normal quanto todo...