— michael!
— Michael, ainda está aqui? — Ben disse, tentando chamar a atenção de Michael Langdon.
Havia apenas uma semana e meia desde que o garoto tinha conhecido o homem, no infeliz dia em que sua avó Constance tinha se matado. Ele não conseguia deixar de se sentir culpado, Michael tinha feito coisas horríveis contra a mulher, coisas que desejava não ter feito. E foi no seu pior momento que Ben Harmon — um dos muitos espíritos da casa — apareceu, dizendo que o menino não era uma criatura desprezível, mas que só precisava de um empurrão na direção certa.
Ele queria ser bom desesperadamente, então não hesitou em aceitar a ajuda do homem. Michael devia isso à Constance.
— Você parece um tanto desligado hoje — o fantasma continuou.
E, de fato, ele estava.
— Eu estou apenas pensando — o rapaz falou, levantando o olhar.
— No que, exatamente? — A voz de Harmon era terna, devido à sua experiência como psiquiatra ainda vivo.
Michael se remexeu e cruzou as pernas sobre o sofá. Ele ainda não tinha se acostumado completamente com aquele corpo maior, então qualquer posição acabava se tornando desconfortável.
— Essa noite eu tive um sonho — contou, abaixando a cabeça novamente e começando a puxar os fios soltos dos rasgos da sua calça jeans.
— Foi um pesadelo?
O Langdon negou com a cabeça.
— Foi só... Estranho. — Tentou explicar, enquanto algumas imagens começavam a brotar em sua mente. — Como um aviso.
— Quer me contar sobre o que era? — o psiquiatra indagou, o fazendo suspirar.
— Tinha uma garota. — Michael piscou algumas vezes, tentando se recordar dos detalhes de seu rosto. — Por algum motivo, eu estava furioso com ela. Tudo que eu queria fazer era matá-la.
— Você a conhece de algum lugar? — O homem ergueu a sobrancelha. — Imagina uma razão para estar irritado?
— Não e não — o garoto vivo respondeu balançando as pernas, inquieto. — As vozes me alertavam para tomar cuidado, mas eu não sei por quê.
— Vozes?
— É. — Assentiu. — Várias delas, como sussurros.
— Você já experienciou essas vozes alguma outra vez? — Harmon inquiriu, anotando algo que Michael não conseguiu ler em seu bloco de notas.
O rapaz aquiesceu.
— Mas geralmente são os espíritos daqui, você sabe que eles sussurram coisas ruins sobre mim — ele explicou. A casa na qual se abrigava após a morte de sua avó era uma armadilha para almas, assombrada por mais de trinta espíritos. Alguns deles eram bons, como Ben; outros eram hostis, como os que perseguiam Michael e falavam coisas maldosas sobre sua natureza. — Dessa vez, não parecia nada com eles.
O psiquiatra coçou o queixo por um momento enquanto processava as palavras do mais novo.
— Talvez, essa garota represente as mudanças pelas quais você está passando — sugeriu. — A morte da sua avó, a casa... Como você se sente em relação à isso pode ter se manifestado na raiva e ressentimento que sentia pela menina do sonho.
— É, talvez seja isso — Langdon murmurou, mesmo que não muito convencido.
Um pressentimento o dizia que não demoraria muito até ter uma resposta mais esclarecedora.
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ME AND THE DEVIL ➸ michael langdon
Fiksi PenggemarPandora Williams sempre odiou sua vida. Abandonada pela mãe com o pai misterioso que nunca fala sobre seu passado, ela jamais entendeu o que significa pertencer; se encaixar. Jamais teve um propósito. Em um dia que deveria ser tão normal quanto todo...