— pandora!
Coincidentemente, Ben possuía um mapa completo da cidade de Los Angeles que havia comprado quando se mudaram para a cidade, pouco mais de seis anos atrás. Então, Pandora acompanhou-o até o sótão, já que era um dos poucos lugares da casa que não tinha sido esvaziado após a mudança — aparentemente, os espíritos colocavam alguns de seus pertences antigos lá e não deixavam que ninguém os jogasse fora, para que, mesmo mortos, não tivessem que se desfazer de itens importantes.
O Harmon explicou que não se lembrava de ter, ou não, guardado o mapa, portanto precisariam cruzar os dedos e esperar encontrá-lo. Havia muita tralha ali, o que indicava que os dois teriam bastante trabalho pela frente.
— Tome cuidado — o homem advertiu, abrindo o alçapão e puxando a escadinha de madeira. — Às vezes, fantasmas tendem a guardar coisas que não são muito agradáveis aqui.
— Imagino — comentou, sentindo ânsia ao pensar que pudesse haver algo ali que fosse pior que o traje de látex. Não que ela tivesse problema com o objeto em si, mas, sim, com as situações nas quais estivera envolvido.
O fantasma subiu na frente, sendo seguido por Pandora. Assim que avistou o interior do sótão e aspirou a poeira, a menina sentiu uma certa irritação no nariz. O local fedia a mofo e estava coberto por teias de aranha; era, claramente, um dos únicos lugares da casa que os fantasmas não se davam ao trabalho de limpar.
Ignorando o fato de que o chão estaria infestado de excretas de ratos e baratas, a Williams agachou-se ao lado de uma pilha de caixas empoeiradas.
O que eu não faço por você, Michael?, a jovem pensou, abrindo uma das caixas de papelão.
Não havia nada de muito importante lá dentro, apenas algumas fotos antigas e correspondências. Nenhum mapa.
— Qual sua situação? — perguntou a Ben, que estava do outro lado da sala.
— Nada, ainda — o homem contou. — E você?
— Na mesma. — a garota suspirou. — Talvez, seja mais rápido sair e comprar um maldito map...
Antes que pudesse finalizar sua frase, pela visão periférica, Pandora percebeu algo; um borrão. Então, ouviu o som de alguma coisa rolar em sua direção, pelo chão de madeira. Olhou para baixo e viu uma bolinha vermelha. Sem entender direito, pegou-a, para que pudesse analisá-la de perto.
Não demorou até que algo pulasse sobre ela. De primeira, achou que estivesse tentando sufocá-la, mas depois percebeu que era sua forma de brincar com ela; demonstrar afeto, talvez.
— Beauregard, por favor, solte-a — Ben disse, parecendo estar mais perto.
Ouvindo as palavras de Ben, Beauregard Langdon saiu de cima da ruiva, que respirou aliviada. Michael já tinha falado sobre o fantasma; um dos filhos deficientes da sua avó Constance, aparentemente um dos únicos fantasmas que não agia de forma hostil com o Langdon mais novo.
Ela encarou o rosto do espírito; podia sentir que sua alma era uma das mais puras e inocentes daquele lugar. Assim como os Harmon, ele não merecia estar preso naquele circo de horrores em forma de mansão.
— Não posso brincar agora — explicou, entregando-lhe a bolinha vermelha com um sorriso terno e sentindo seu coração apertar ao ver expressão deprimida de Beauregard. — Sabe Michael? Aquele menino estranho que brinca com você às vezes? Ele é seu amigo, não é? — o Langdon assentiu várias vezes. — Então, Michael é meu amigo também, mas ele sumiu, por isso não posso te fazer companhia agora. Mas prometo que, quando ele voltar, nós dois brincamos com você, pode ser?
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ME AND THE DEVIL ➸ michael langdon
FanfictionPandora Williams sempre odiou sua vida. Abandonada pela mãe com o pai misterioso que nunca fala sobre seu passado, ela jamais entendeu o que significa pertencer; se encaixar. Jamais teve um propósito. Em um dia que deveria ser tão normal quanto todo...