— pandora!
Seu domingo estava sendo, sem dúvidas, terrível. Por ser o único dia daquela semana com o pai em casa, Pandora teve que controlar toda a sua raiva e angústia para que pudesse aproveitar ao máximo os raros momentos em que conseguia sua atenção.
Na noite anterior, quando finalmente conseguiu se segurar para não ir atrás de Mackenzie e agredí-la — ou pior —, chorou. E, quando parou de chorar, pensou — e pensou muito. Ela preferia que tudo tivesse parado no choro, que tivesse ido dormir e apenas acordado com a mente limpa, recuperada das palavras nojentas de alguém que um dia chamou de amiga. No entanto, sua mente não conseguia parar de reviver aquilo, de lembra-la que, querendo ou não, a Price estava certa: Pandora não sabia o que era ter uma família.
Seus avós expulsaram seu pai de casa e nunca deram notícia, sua mãe a abandonou assim que nasceu, seu pai se esforçava para pegar o máximo de turnos possíveis no hospital — mesmo que não precisasse do dinheiro extra —, quase como que em uma tentativa desesperada de passar o máximo de tempo longe de casa; longe da filha.
— Sua amiga foi lá no hospital ontem — Gabriel contou durante o almoço, sentado à sua frente na mesa. — Disse que você falou que ia sair comigo.
— Você sabe que odeio bailes — a menina disse, tomando um gole do seu suco.
— Você não deveria mentir, porém. — Encarou-a, repreendendo sua ação.
— Não se preocupe, não vou mentir para elas de novo. — Desviou o olhar, a verdade era que nunca precisaria mentir, pois jamais as veria novamente.
— Mas por que mentiu?
— Porque elas são insuportáveis e eu não sou obrigada a aturá-las — explicou.
— Achei que fossem suas amigas. — O Williams mais velho franziu a sobrancelha.
— Eu também, parece que nós dois nos enganamos. — Ela lançou-lhe uma piscadela, pegando uma farta garfada da sua comida.
E o assunto morreu.
— Está guardando o troco das compras? — o pai questionou, após alguns segundos de silêncio.
Pandora quase engasgou, mas fingiu que nada aconteceu.
— Sim. — Riu, nervosa. — Mas devo dizer que não é muito, a inflação está pegando bem pesado ultimamente.
— Já está pensando com o que vai gastar esse dinheiro extra?
— Não. — Abriu um sorriso trêmulo. — Acho que só vou esperar até algo aparecer.
— Só não gaste com alguma coisa besta — Gabriel pediu.
— Vou tentar. — Engoliu em seco. — Pai?
— Sim? — Ele ergueu a sobrancelha, incentivando-a a prosseguir.
A menina hesitou.
— Você sente falta dos seus pais? — indagou, essa era uma dúvida que tinha há um tempo, mas intensificou-se conforme refletia sobre suas relações familiares.
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ME AND THE DEVIL ➸ michael langdon
FanficPandora Williams sempre odiou sua vida. Abandonada pela mãe com o pai misterioso que nunca fala sobre seu passado, ela jamais entendeu o que significa pertencer; se encaixar. Jamais teve um propósito. Em um dia que deveria ser tão normal quanto todo...