26. hide and seek

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— pandora!

Assim que acordou, Pandora soube que tinha algo errado.

Era um sentimento, algo presente no seu âmago; uma coisinha deixando claro que havia acontecido algo irremediavelmente terrível — ou estaria prestes a acontecer. A Williams odiava aquela sensação, pois esta nunca estivera equivocada.

Levantou-se pesarosamente e, sentindo sua cabeça doer, caminhou até o banheiro, onde tomaria um bom e merecido banho para despertar-se completamente. Pela primeira vez em pouco mais de uma semana, havia tido um pesadelo — não lembrava-se com detalhes, porém tinha completa ciência sobre envolver Michael.

Algo pesou no seu estômago quando pensou no Langdon. Sentia-se imensamente culpada pela noite anterior, por não ter conseguido prosseguir com algo que queria muito fazer — ainda que fosse inconsequente. Pandora o queria, assim como ele a queria; no entanto, assim que os lábios de Michael encostaram nos seus pela primeira vez, aquela maldita voz em sua mente não calou-se. A menina tentou ignorá-la, tentou concentrar-se apenas nas sensações que os toques do Anticristo lhe causavam, mas era impossível. Ela não conseguiria ter sua primeira vez sendo atormentada por uma voz inconveniente, tornando incômodo algo que deveria ser excelente.

O garoto pareceu compreendê-la, mesmo que não tivesse conhecimento sobre suas motivações; mais um ponto à extensa lista dos motivos para amar Michael Langdon.

Você está realmente perdida, Pandora trincou o maxilar ao ouvir aquela voz nojenta pela primeira vez naquela manhã. Cada dia que se passava, essa presença tornava-se cada vez mais assídua em sua mente, consumindo seus pensamentos felizes como um vírus. Não tem ideia do perigo dos seus sentimentos, tem?

— Você é que não tem ideia do perigo das suas ações — respondeu, secando os cabelos com a toalha branca. Ela não se importava mais em falar sozinha, já havia aceitado sua insanidade. — Porque, seja você quem for, quando eu te achar... Acredite, não vai ser um encontro feliz.

A voz riu e a Williams teve que se segurar para não gritar de ódio.

Eu te ajudei, porém, gabou-se, em tom convencido. Você sabia o que estaria prestes a fazer se não o tivesse parado. Sabia que não estava — e não está — pronta para deitar-se com o Anticristo dessa forma e, mesmo assim, prosseguiu com suas ações inconsequentes. Se não fosse por mim, você teria se entregado aos seus desejos carnais e arruinado tudo!

Pandora engoliu em seco. Ele não estava errado, mas a jovem queria que estivesse.

Como disse anteriormente, sua mente é uma zona, continuou a expor. Você precisa de mim e o dia de ontem só provou isso.

— Eu não preciso de ninguém — rosnou. — Muito menos de você. Saia da minha cabeça!

Por ora, essas palavras foram o suficiente, mas a Williams sabia que não demoraria muito até que fosse atormentada novamente. Era sempre assim, ela conseguia afastá-lo por um breve momento, mas, ora ou outra, ele sempre voltava.

E isso era insuportável!

— Devil Jr — chamou, descendo as escadas. Imaginou que ele já estivesse na cozinha, devorando todo resto de cereal que eles tinham. Porra, como aquele garoto gostava de comer.

Entretanto, sua resposta não veio. Pandora franziu o cenho, intrigada; estaria aquele aspirante à Regina George ignorando-a por ter recusado transar com ele no dia anterior? Não, não faria sentido. Michael podia ser estupidamente birrento, mas não a desrespeitaria dessa forma. Ela sabia que não.

Ao adentrar a cozinha, não o encontrou ali. Alarmada, clamou por ele e, novamente, não obteve resposta.

— Michael Langdon, eu sei que você tem cinco anos, mas não precisa ficar brincando de pique-esconde!

ME AND THE DEVIL ➸ michael langdonOnde histórias criam vida. Descubra agora