11. demon boy

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— michael!

Michael queria dizer que não ligou quando Pandora contou sobre seu encontro com o garoto de sua escola, porém ele estaria mentindo se o fizesse. O menino não conseguia explicar o porquê, mas o simples fato da Williams ter contado que recusou o convite foi o suficiente para que seu dia melhorasse.

Ele queria estar bravo com ela por ter se atrasado duas horas para ficar passeando com suas amiguinhas, mas a verdade era que, quanto mais tempo os dois passavam juntos, menos raiva ele sentia. Não só dela, como do mundo em geral. Por mais insuportável e cínica que Pandora fosse, ela lhe trazia uma sensação estranha de paz; como se, quanto mais ela o irritasse, mais ele gostava de sua companhia.

O filme que levara naquele dia fora diferente dos demais, era uma história adolescente e tinha um humor peculiar. A Williams insistia em dizer que ele era a reencarnação de Regina George — a antagonista da trama — e, quando ele lhe perguntava o porquê, ela só ria e o mandava parar de fazer perguntas.

A garota parecia realmente gostar daquele filme, pois toda vez que Michael olhava-a, via seus olhos azuis brilhando e sua boca movendo-se em silêncio durante cada uma das falas. O rapaz não queria se distrair tão fácil observando como ela sorria, ou como seu cabelo mudava de cor conforme se movia, muito menos o fato de o seus olhos serem os mais bonitos que já vira; entretanto, ele não conseguia parar de pensar em todos esses detalhes e isso o enfurecia.

— Pare de ficar me encarando — ela disse, sem tirar os olhos do seu computador. — É muito bizarro.

O loiro retornou sua visão para o computador, em uma tentativa de disfarçar que estivera olhando para ela nos últimos minutos.

— Eu não estou te encarando — mentiu. — Só assistindo ao filme.

A risadinha de Pandora deixou claro que não havia acreditado, mas nenhum dos dois tocou no assunto durante o restante do tempo.

Quando chegou ao fim, a Williams virou-se para Michael.

— E aí? — perguntou.

— Estranho, mas legal — disse, o que fez a ruiva abrir um sorriso.

— É bem essa a sensação. — Ela fechou a tela do computador e esticou as pernas.

— Já vai embora? — o Langdon questionou.

— Sim, são quase oito horas — respondeu, guardando o notebook dentro de sua mochila. — Por que? Já está com saudades?

— Você ficou muito pouco hoje — ele reclamou, tentando não deixar sua decepção transparecer.

Pandora soltou uma risada doce e analisou Michael como se ele fosse uma criança aprendendo a dizer suas primeiras palavras.

— Você queria que eu ficasse mais, lindinho? — perguntou.

— Eu preferiria que não tivesse se atrasado tanto para ficar flertando com alguém por aí. — O loiro cruzou os braços e desviou o seu olhar do dela.

Mesmo que o assunto já tivesse sido encerrado horas atrás, sua mente o trouxe à tona e ele, quase que imediatamente, arrependeu-se de sua atitude. Embora tivesse a idade de uma criança, não precisava agir como uma.

— Para início de conversa, eu não flertei com ninguém. — Sua voz esganiçou-se. — Josh é quem veio com todo aquele papinho de "você está bonita hoje, vamos ao baile", eu só queria sair de lá o mais rápido possível.

— Você deveria ter aceitado — disse, mas sem realmente achar aquilo de fato.

— Não deveria — ela retrucou.

ME AND THE DEVIL ➸ michael langdonOnde histórias criam vida. Descubra agora