03. the murder house

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— pandora

No carro, Pandora evitou conversar com o motorista e agradeceu por ele não ser um daqueles tagarelas, que não a deixavam nem formar um raciocínio direito. Ela usou os quase quinze minutos do percurso para pesquisar mais afundo sobre a tal casa e ter mais propriedade sobre onde estava se metendo.

A primeira coisa que viu foi o anúncio de um passeio turístico que explicava detalhadamente sobre cada uma das mortes que haviam acontecido na casa, embora parecesse a opção que a daria maior clareza, Williams não tinha tempo a perder e muito menos paciência. Com isso, a adolescente apenas foi passando as primeiras mortes, correndo os olhos pela tela, só esperando por algo que chamasse sua atenção.

E então, algo chamou. Um nome: Tate Langdon. Ela imediatamente parou de percorrer os dedos pela superfície do aparelho e encarou a parte que dizia sobre o adolescente. O Langdon tinha morrido em 1994 — seis anos antes de Pandora nascer —, mas ela o conhecia. Todos em Westfield High o conheciam, afinal, ele havia entrado armado na instituição e atirado em mais de dez estudantes e professores.

Vendo que seu nome constava na extensa lista das pessoas que morreram na casa, sentiu seu estômago gelar. Embora ela não achasse que o fato de o garoto ter falecido ali fosse apresentar algum perigo real à ela, algo a dizia para tomar cuidado.

— Tem certeza de que o destino é aqui? — o motorista se pronunciou pela primeira vez durante o trajeto. A garota estivera tão entretida em suas pesquisas que não percebeu o momento em que o carro estacionou. — Parece abandonado.

Quando a estudante se virou para olhar pela janela, entendeu do que o homem estava falando; a casa era a mesma que vira nas fotos, porém com um portão enferrujado com trepadeiras entranhadas em sua estrutura e um quintal coberto por mato, como se as plantas estivessem tentando engolir o lugar aos poucos.

— É aqui mesmo. — Engoliu em seco, de longe ela já conseguia sentir o manto de trevas que cobria a casa, a atraindo como um ímã. — Obrigada... Hum... — checou o nome dele no aplicativo. — Robert.

O motorista se virou para vê-la e a analisou como se fosse transtornada. Por um instante, temeu que ele fosse assumir que ela era uma daquelas pessoas que invadiam casas abandonadas para quebrar coisas ou praticar rituais.

— Você que sabe. — Deu de ombros e tornou o olhar ao seu celular, para dar a corrida por encerrada. — Tenha uma boa tarde.

— Obrigada.

Pandora relaxou seus músculos já tensos e se debruçou contra a porta transeira enquanto puxava o trinco da mesma, fazendo-a abrir.

— Ah, e não se esqueça de me avaliar — Robert disse antes que ela pudesse sair.

— Uhum — murmurou, embora duvidasse que fosse se lembrar, e fechou a porta do veículo.

Depois de o carro já ter ido embora, a Williams ficou alguns segundos parada naquele mesmo local, admirando a construção com um certo medo. O lugar cheirava à morte, mas algo no seu interior à dizia que apenas ela sentia; sentir coisas que ninguém parecia perceber era o seu "Sexto Sentido", como Mackenzie dizia.

Com um suspiro, ela empurrou o portão, supresa por não estar trancado. Não duvidava que algum baderneiro tinha arrombado a fechadura para poder espiar a casa "mal-assombrada" ou para usar substâncias ilícitas às escondidas. A menina conhecia muitos de sua escola que se encaixariam no perfil de alguém que faria uma coisa dessas.

Não era como se fosse melhor, no final das contas. A Williams estava, de fato, invadindo uma propriedade privada por causa de um sonho e algumas visões esperando que fosse encontrar alguém que tivesse as respostas ali — vivo ou morto.

ME AND THE DEVIL ➸ michael langdonOnde histórias criam vida. Descubra agora