109. the master of the skies

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— pandora!

O tempo que Pandora certa vez partira estava novamennte contra ela, e desta vez não haveria um feitiço milagroso que o reverteria. Cada segundo que esperavam para atacar, Satã se tornava mais forte. Ela contara com mais de um mês para se recuperar de seu último embate e embarcar no próximo, mas mal tivera duas semanas até a hora chegar.

Havia cinco dias que a Angemonium não acordava no meio da noite para treinar escondida. Ao invés de esgotar seu corpo e seu espírito, ela e Michael confessavam seus medos em voz alta antes de dormir, servindo como o apoio um do outro. A âncora que impediria que fossem levados pela maré de pavor até as profundezas mais terríveis de suas próprias mentes.

Pandora já tinha comunicado o plano aos arcanjos e às bruxas. Em pouco tempo, todos estariam reunidos no mesmo ponto, aguardando o momento em que Papa Legba abriria os portões do Inferno para eles. Todos, menos ela, Michael e Lilith, que já estariam se infiltrando nos círculos de danação.

Ainda parecia surreal o que estavam prestes a fazer. O que ela estava prestes a se tornar. A híbrida sabia que não teria volta, sabia que sua escolha ecoaria por uma eternidade e além. Caso perdesse, teria de conviver com o fracasso de condenar a humanidade; caso vencesse, Céu, Terra e Abismo estariam em suas mãos para governar. Ela sentia como se estivesse constantemente segurando o choro, empurrando essa realidade para o fundo de sua mente pelo máximo de tempo que aguentasse até aquela represa romper: primeiro, precisava lutar, depois aprenderia a lidar com quaisquer sequelas que viessem a assombrá-la.

Era a véspera da batalha. Atacariam pela madrugada, às exatas três da manhã: o momento em que a conexão entre o Inferno e a Terra se tornava mais forte. Pandora estava debruçada contra o parapeito da sacada, observando o que ela esperava não ser seu último pôr-do-sol, ao lado de Michael. Assim que as cores desaparecessem e o Céu se tornasse tão sombrio quanto parte do poder que corria pelas suas veias, a Angemonium deveria viajar ao Paraíso a fim de absorver energia celestial direto de sua fonte. Precisava armazenar o máximo de luz possível, pois aquela guardada em si seria a única disponível no Submundo.

Ela quase não queria que o sol se posse. Não queria, porque aquele instante em que o laranja e o vermelho ainda pintavam o horizonte era o último que teria à sós com Michael antes que partissem na direção daquele destino tão incerto.

— Às vezes, não quero que você vá — Pandora admitiu, batucando com as unhas sobre o peitoril. — Estamos praticamente te entregando de bandeja a ele.

De soslaio, ela percebeu o Anticristo desviar a atenção da vista para ela.

— Não fui eu quem de fato foi morto por ele. — Não era mentira. O estômago da jovem se embrulhou com o pensamento. — Além disso, eu poderia muito bem morrer por dentro com a ideia de que me protegi como um covarde, enquanto você parte direto ao encontro do homem que a machucou.

A híbrida fechou os olhos, balançando a cabeça. Seus lábios se curvaram para cima levemente.

— Eu sei que mesmo que eu o amarre no porão você vai dar um jeito de ir. — Virou-se na direção dele, deliciando-se com a visão do seu rosto na penumbra. Ela gostaria de fazer o tempo parar, ficar presa naquele instante em que tinha apenas seus olhos azuis para encarar. — Da mesma forma que sei que não temos a menor chance sem seu poder do nosso lado. Que eu não tenho a menor chance de me manter firme sem você do meu lado.

Ele apoiou o braço esquerdo no parapeito, mirando-a com paixão e cuidado. Diferente dela, o Anticristo não vestia seu traje de batalha; ainda teria algumas horas de descanso enquanto ela estivesse no Paraíso.

ME AND THE DEVIL ➸ michael langdonOnde histórias criam vida. Descubra agora