56. the black mass

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— pandora!

Como um mar cinza de concreto, os prédios à sua volta pareciam sufocá-la.

Pandora não tinha ideia do que a havia levado àquela rua esmagada pelos enormes edifícios que a margeavam, muito menos o que buscava conforme seguia adiante. O dia estava nublado, deixando tudo ainda mais cinza e opaco e destacando o vermelho de seus cabelos — que parecia ser a única cor que aquele beco chegara a presenciar durante sua existência.

O vento que antecedia uma tempestade jogou seus cabelos para trás, embaraçando-o. Seus ouvidos assobiavam e a jovem lutava para que seu vestido não fosse levantado e revelasse sua roupa íntima.

Um folheto alçou voo e, antes que a adolescente pudesse previnir, atingiu seu rosto. Ela rosnou, pegando-o e analisando seu conteúdo.

Havia um pentagrama vermelho no centro do papel. Em volta do símbolo, estavam escritos:

"Missa Negra 02/11

Não perca a oportunidade de contribuir para a chegada do nosso Prometido nesse Dia dos Mortos! Que Satã esteja com você"

O Prometido... Era o Anticristo, tinha de ser.

Ela virou o flyer, engasgando ao perceber que havia um endereço escrito ali.

Com o coração à mil, a híbrida despertou-se. Seus olhos se ajustaram à penumbra em que o quarto se encontrava, sendo o fino feixe de luz que escapava por baixo da cortina a única fonte de iluminação. Ela engoliu em seco, passando a mão pelo rosto. Se conhecia bem os avisos do sexto sentido que a guiava, então sabia que aquilo não fora um sonho qualquer, porque jamais existira nada como coincidências na sua vida; um sonho nunca era apenas um sonho.

E, o que quer que fosse aquilo — uma previsão, uma mensagem do Além, um chamado... —, havia acabado de lhe dar a localização exata de onde Michael Langdon estaria em três dias.

Quando lançou as cobertas para o lado e se pôs de pé, a Williams estava pronta para revelar a Cordelia sua mais nova informação. Era hora de colocar seu plano em prática.

Pandora iria adestrar o Anticristo.

02 de Novembro, 2017

O motel em que se hospedara naquela tarde não era tão receptivo quanto o hotel em que havia passado os últimos dias, dividindo um quarto com Zoe e Madison. Infelizmente, aquele estabelecimento não fora escolhido a dedo pela excêntrica e exigente Myrtle Snow, portanto estava longe de possuir mais de três estrelas. Pelo menos ficava a três quarteirões do endereço revelado pela visão que tivera em seu sonho, o que poupava suas pernas de uma longa caminhada.

Dias antes, quando acordara decidida a relatar à Suprema o que vira naquele devaneio, a mulher decidira que, por mais que ainda não fosse comprovado que sua previsão estivesse correta, sua situação era de tamanho desespero que valeria à pena dar aquele tiro no escuro; imediatamente, designou a Madison e Behold a tarefa de contar à Williams tudo que descobriram sobre o temível Anticristo quando visitaram aquela casa amaldiçoada, alimentando-a com cada informação sobre a peculiar infância do rapaz, repleta de fantasmas, exorcismos e sacrifícios.

Fora um choque descobrir que o menino era filho de Tate Langdon, o jovem que, em 1994 (cinco anos antes do nascimento da Williams), invadira sua antiga escola e atirara em pelo menos trinta pessoas. Tão chocante quanto isso fora, muito provavelmente, o fato de que Michael não deveria ter mais de seis anos de vida, porém, graças a quaisquer forças infernais que o atormentavam, tornara-se um adolescente da noite para o dia — em corpo e mente.

ME AND THE DEVIL ➸ michael langdonOnde histórias criam vida. Descubra agora