59. playground

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— michael!

05 de Novembro, 2017

Os filmes que Pandora o obrigara a assistir no dia anterior até que não eram ruins. Apesar da trama simples e fútil, era uma boa maneira de passar o seu tempo e distrair-se de qualquer que fossem os pensamentos conflitantes e ansiosos que o afligissem no momento; um escape.

E Pandora era... Bem, Pandora era peculiar. Uma predadora que parecia não saber estar no topo da cadeia alimentar. Ele ainda não conseguira decifrá-la muito bem, não quando ela sabia mascarar o que quer que estivesse sentindo através de comentários sagazes e piadas de muito mau gosto. Michael não conseguia evitar sentir como se ela soubesse tanto sobre ele, mas ele não soubesse praticamente nada sobre ela.

Ainda assim, o Langdon não poderia negar que a jovem era uma boa companhia. Embora ela o irritasse algumas vezes, estar com a ruiva fazia com que perdesse a noção do tempo; era bom ter alguém com quem conversar no tédio.

Quando Michael deixou seu quarto naquela manhã — de dentes escovados, banho tomado e completamente vestido —, ele espantou-se ao ver que Pandora já estava de pé, equilibrando nos braços uma bandeja com sanduíches e suco conforme caminhava até a mesa da sacada.

Ele estava prestes a cumprimentá-la quando percebeu que o copo de vidro na extremidade da bandeja balançava violentamente, ameaçando cair no chão.

Não mais que meio segundo depois, o objeto inclinou-se perigosamente na ponta da superfície metálica e entrou em queda livre. Percebendo o que estava para acontecer, a Williams apenas fechou os olhos, aguardando pelo impacto.

Este, no entanto, jamais chegou, pois Michael fora rápido em usar do poder telecinético que lapidara com suas aulas de magia na Hawthorne para segurá-lo no ar. Em conseguinte, fez com que o copo flutuasse até sua mão, pronta para recebê-lo.

Pandora encarou-o, os olhos semicerrados.

— Exibido — ela murmurou, voltando a caminhar em direção à mesa e apoiando a bandeja com um suspiro aliviado.

Ele permitiu que os lábios se curvassem em um sorriso debochado e caminhou até a mesa, sentando-se de frente para ela e deixando seu copo ao lado do prato com seu sanduíche natural. A adolescente à sua frente mostrou-lhe a língua, provando a ele quem era o infantil dos dois.

Como sempre, Pandora estava bonita. Seus cabelos ruivos pareciam ganhar vida com a intensa luz do sol sobre eles e seus olhos, tão azuis quanto o mar abaixo, pareciam ter cintilar um brilho diferente naquela manhã, talvez pela posição em que estivesse sentada em relação aos raios solares. Naquele dia, ela vestia shorts jeans e um top-cropped preto, mostrando um pouco mais de pele do que costumava fazer.

Michael não sabia por que havia reparado nisso.

— Então, a moça que trouxe o café da manhã disse que hoje é um dos dias da semana em que as camareiras fazem a limpeza completa nos quartos — ela revelou, servindo-se de suco de uva. — Vamos ter que sair enquanto elas trabalham. A moça falou que poderíamos recusar a limpeza, mas elas só limpam de novo em dois dias.

O loiro pegou a jarra de sua mão e encheu seu próprio copo com suco.

— A que horas temos que estar fora
daqui?

— Depois do almoço — a garota informou. — Temos tempo de ver pelo menos dois filmes. Pensei em Heathers e As Branquelas.

Ele assentiu. Nunca tinha ouvido falar de nenhum dos filmes.

— Espero que suas preferências não falhem.

Pandora riu com escárnio.

— Isso seria impossível, Devil Jr. Eu tenho o melhor gosto para filmes.

ME AND THE DEVIL ➸ michael langdonOnde histórias criam vida. Descubra agora