69. cruel thoughts of an in love mind

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— pandora!

A cama estava bastante confortável quando acordou. Pandora sentia a cabeça latejar, como se milhões de agulhas estivessem sendo pressionadas contra seu crânio; as pernas, mais pareciam geleia.

Não se lembrava de muito e, se fosse sincera, preferia que continuasse daquela forma. Porque, agora que seu cérebro voltava a pensar, ela finalmente pôde perceber a tremenda burrice dos seus atos.

O desespero latente e a urgência por um segundo de paz, sem pensamentos sufocantes e dolorosos a maltratando, foram esmagadores ao ponto de obrigá-la a ingerir litros de álcool a fim de encontrar aquele instante de silêncio e calmaria. Contudo, acabara se esquecendo de um fato importante: o álcool dava coragem, uma que lhe faltava às vezes para o seu próprio bem; e desenrolava sua língua. Portanto, a não ser que tivesse muita sorte, poderia muito bem ter piorado sua situação na noite anterior.

Ela apertou as pálpebras com força antes de abrir os olhos. O movimento fez sua testa latejar.

A jovem afundou o rosto na cama. Estranhou por um momento o fato de o travesseiro ser ligeiramente mais rígido do que esperava, e então o fato de este movimentar-se também, para cima e para baixo, de maneira rítmica, como se estivesse...

Respirando.

Seus olhos se arregalaram de imediato, a dor de cabeça sendo sentida, mas completamente ignorada.

Não era um travesseiro em que estava deitada, mas sim Michael Langdon. E, como se não bastasse, sua perna quase inteiramente nua estava entrelaçada na dele, que com alívio ela constatou estar vestida.

— Bom dia — disse ele, a voz ainda meio embargada pelo sono.

Como um gato arisco, ela pulou para longe, acabando na outra extremidade do colchão. O coração estava a mil, pensando no que poderia tê-la levado a dormir com ele daquela maneira tão íntima.

Ela franziu a testa, tentando se livrar da dor de cabeça. Michael sentou-se, os cabelos dourados parecendo amassados pelo travesseiro e os olhos apertados para vê-la.

— Nós... — A adolescente engoliu em seco, passando a mão pelos cabelos. — Fizemos...?

O Langdon negou veementemente com a cabeça, as bochechas sendo tomadas por vermelho.

— Só dormimos — garantiu. — Nada mais.

Um suspiro aliviado lhe escapou e ela se permitiu desabar contra o colchão mais uma vez, os batimentos se acalmando. Não estivera tão fora de si a esse ponto, pelo menos.

— Eu fiz algo... — indagou, o olhar fixo no teto. — Que eu normalmente não faria?

Ela sentiu quando ele se moveu ao seu lado, mas tentou não olhar.

— Não... — Pareceu haver uma hesitação em sua voz, uma a qual ela não queria prestar atenção. — Você chamou o presidente de laranja podre, mas acho teria feito o mesmo sóbria.

Pandora gargalhou, cobrindo o rosto corado.

— Com certeza.

Silêncio foi instalado entre eles e Michael não se incomodou em quebrá-lo, então a jovem tomou liberdade para saltar da cama e seguir em direção ao banheiro, a fim de se livrar do gosto amargo que as bebidas deixaram em sua garganta. Não conseguiu evitar o calor que passou pelo seu rosto ao tomar consciência do tamanho e da transparência da camisola de seda que cobria o seu corpo.

Ela apressou o passo, fechando a porta atrás de si. Havia dois kits de higiene bucal com a logo do hotel à sua espera, um para ela e outro para Michael. A menina agarrou a escova de dentes, passando a pasta de menta sobre ela.

ME AND THE DEVIL ➸ michael langdonOnde histórias criam vida. Descubra agora