112. blood bath

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— michael!

Apesar de não ter sido atingido diretamente pelo aglomerado de energia que destruiu Lilith, a força do impacto havia sido o suficiente para derrubar Michael.

Sua noção de equilíbrio ainda estava um pouco embaralhada e sua visão, embaçada. Ainda assim, ele foi capaz de enxergar quando Satã arrancou o último suspiro da Mãe dos Demônios e Pandora foi arrastada contra sua vontade para longe da fortaleza.

Então o peso de Lúcifer sobre seu peito, aqueles olhos pretos encarando-o com o mesmo desprezo que sempre encontrara nos olhos de seu outro pai. A bota preta, pressionando seu esterno, tentando expulsar o ar de sua garganta. Fosse por ter sido criado por parte de seu poder, ou por qualquer outra maldita coincidência, Michael conseguia sentir que o Diabo procurava se recuperar da tremenda energia que desperdiçara mais cedo. Pretendera se livrar de sua criação rebelde e, agora que errara o alvo, não seria capaz de conjurar tanto poder quanto antes.

Isso comprava tempo para o rapaz. Quanto, ele não sabia. Não tinha poder suficiente para liquidar Satã, não sem nenhuma carta na manga. O máximo que tinha era a própria coragem e a força que reunira, e esperava que fosse o suficiente para resistir até descobrir uma forma de encontrar Pandora.

Ele imaginava onde a híbrida podia estar, e temia a hipótese com tudo que existia de vivo em si para temer. Precisava chegar até ela o quanto antes e não permitiria que aquele temor o paralisasse. Não quando cada segundo era tão precioso.

Uma lâmina escura surgiu na mão de Michael e ele não hesitou em fincá-la no tornozelo de seu oponente.

Sangue jorrou em sua mão no momento que Satã puxou a perna para longe de sua arma. O Anticristo aproveitou aquele instante e rolou para o lado, bem a tempo de desviar de uma estaca de sombras que se fincou exatamente onde seu rosto estava segundos atrás.

Aquilo não o teria matado, mas certamente tomaria a sua vantagem sobre o cansaço do seu rival.

Ele pôs-se de pé. Ao longo da Sala do Trono, pouco mais de duas dúzias de demônios travava uma luta acirrada entre as dezenas de corpos caídos. Mais cedo, havia naquele salão dois demônios inimigos para cada soldado aliado; agora, o combate parecia justo.

Michael entendeu, então. Metade da força adversária fora deslocada para guardar Pandora, onde quer que ela estivesse. Lúcifer preferira relaxar a defesa da Fortaleza Obscura a deixar a híbrida desprotegida.

Lilith estivera mesmo certa. A Angemonium apavorava o Diabo.

— Está falando sério? — Satã vociferou, apontando sua espada na direção de Michael. — Tudo isso por aquela vadia? A mesma vadia que o traiu em todas as vezes que teve a chance, enquanto eu permaneci fiel ao meu único filho?

Ele avançou. Michael bloqueou a estocada com uma espada que acabara de conjurar.

— Fiel à sua única arma, você quer dizer — retrucou entredentes, mantendo a espada firme contra a força que o demônio debruçava sobre sua lâmina. Queria esquartejá-lo por todas as suas palavras direcionadas a Pandora, mas não podia perder as estribeiras como ela perdera. Resgatá-la era a coisa mais importante que podia passar por sua cabeça naquele instante. — Você não parecia se importar em deixar ela me "usar", contanto que ainda houvesse uma chance de que ela pudesse se aliar a nós.

As narinas de seu inimigo se dilataram. O Anticristo soube que estava certo, assim como Pandora estivera muito tempo antes, em uma vida que eles eram os únicos a recordar.

Com um movimento imperceptível de sua cabeça, Michael ordenou que um chicote de escuridão se prendesse ao pé de seu inimigo e o derrubasse com um puxão.

ME AND THE DEVIL ➸ michael langdonOnde histórias criam vida. Descubra agora