ME AND THE DEVIL ➸ michael langdon

57. ocean view

— pandora!

Que dia mais estressante fora aquele.

Depois de jantar e combinar o horário em que Madelyn — a satanista que tinha dado abrigo ao Anticristo — a buscaria, Pandora deixou a igreja satânica. Ela não se demorara no caminho até o motel, ansiosa para tomar um banho e tirar a sensação pegajosa de um sangue que sequer tocara.

Talvez tivesse sido sorte que Michael não desconfiasse do motivo de ter aceitado ir em uma viagem com ele tão facilmente, talvez suas intenções com a jovem fossem piores que as dela, ou talvez ele fosse apenas muito ingênuo. De qualquer forma, ela iria.

De pijamas e com cabelos lavados, a Willians encontrava-se de pé em frente ao espelho manchado do estabelecimento. Ela posicionou a mão na superfície, fechando os olhos e forçando-se a recordar o encantamento ensinado por Cordelia, dias antes.

— Ostende mihi quod volo videre — proferiu, o latim deslizando pela sua boca como se fosse sua língua nativa.

Como seu celular tornara-se pó no dia em que liberou seus poderes contra os cristãos fanáticos que tentaram matá-la, Pandora teve de recorrer à outro tipo de comunicação: conexão de espelhos.

Seu reflexo tremulou, deformando-se até que sua imagem fosse substituída pelo escritório de Cordelia. O feitiço consistia em, basicamente, ligar um espelho a outro, tornando-se possível a visualização e até mesmo a comunicação entre os dois lados.

No amplo cômodo, encontravam-se Cordelia, Zoe e Myrtle. Qualquer discussão que estivessem tendo cessou quando perceberam a jovem ruiva as encarando.

Com a ajuda da Snow, a Suprema levantou-se de sua cadeira, aproximando-se da imagem da adolescente. A bruxa loira as seguiu, observando Pandora com cautela.

— Então, como foi? — Cordelia demandou. — O encontrou?

A híbrida confirmou com a cabeça, o que causou na mulher um suspiro de alívio.

— Tivemos um diálogo... Interessante — a menina comentou, inclinando a cabeça. — Os seguidores de Satã agora sabem quem ele é e estão dispostos a ajudá-lo em qualquer que seja sua tarefa.

Myrtle Snow soltou um grunhido de descontentamento.

— Nada de novo sob o Sol — murmurou.

Os cantos dos lábios da Williams se repuxaram, mas ela prosseguiu:

— Ele me chamou para uma viagem. Não sei aonde vai, nem porquê, mas aceitei ir, já que posso ter uma chance de ficar sozinha com ele e... Bem, vocês conhecem o plano.

Cordelia anuiu lentamente. A Benson, no entanto, comprimiu os lados.

— Tome cuidado — avisou, a voz repleta de cautela. — Ele não é só um garoto mimado. Se desconfiar de você, não vai hesitar antes de machucá-la.

— Bom, ele certamente pode tentar. — A ruiva sorriu com escárnio, percebendo, então, que não havia retirado a máscara que vestira para lidar com Michael Langdon. — Eu vou dormir agora.

— Se não der notícia em dois dias, assumiremos que faleceu — Myrtle advertiu, lançando-lhe um olhar severo.

A jovem engoliu em seco.

— Tentarei falar com vocês amanhã, depois que chegarmos ao destino final, se conseguir um momento sozinha — ela prometeu.

As bruxas assentiram em concordância, entoando "boa noite". Então, Pandora desfez a imagem, fazendo retornar seu próprio reflexo.