00. prologue

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— pandora!

Três anos. Esse foi o tempo que Pandora Williams levou para finalmente estar pronta para encarar Michael Langdon novamente. E, dessa vez, ela não poderia falhar na sua missão.

Não foi apenas uma vez que ele tentou matá-la durante o período em que se conheceram e definitivamente não foi apenas uma vez que a garota de fato presenciou Michael tirar uma vida. Por mais estranho que fosse, não era isso que a assustava. O que assustava Williams era o fato de, quando perto dele, não conseguir fazer outra coisa a não ser se aproximar ainda mais.

Pandora tremia enquanto andava por entre os corpos sem vida atirados ao chão do salão de jantar do posto avançado, poças de espumas eram formadas pela gosma nojenta que saía da boca dos mortos, que foram obviamente envenenados. Estava claro que alguém dali havia irritado Langdon profundamente. Era como ela bem sabia, tudo acontecia porque alguém tinha a infelicidade de irritar Michael.

Aos cinco anos de idade, a babá dele queimou sua comida, por isso a matou; no ano seguinte, sua avó quis mandar no que ele fazia, então ele tentou enforcá-la; Pandora lhe escondeu a verdade, ocasionando o ódio imensurável do garoto por ela; um clã de bruxas matou a mulher que o criava e ele explodiu cem ogivas nucleares por todo o planeta. De qualquer forma, estava bem claro que mexer com Michael não era uma boa ideia.

E ela estava prestes a fazer exatamente isso.

— Ora ora. — Pandora ouviu atrás de si. A menina sentiu seu coração falhar por um segundo, só não sabia se era por medo ou por ansiedade.

Lentamente, tentando não demonstrar surpresa, olhou para trás e viu a figura de uma mulher rechonchuda de meia idade ao lado de um homem de cabelos loiros que caíam-lhe como cascatas de ouro sobre os ombros cobertos por uma jaqueta da cor vinho. Imediatamente, soube que se tratava do Anticristo e de sua fiel companheira, o andróide criado à imagem da falecida Miriam Mead, mulher que criou o garoto quando todos os outros lhe viraram as costas.

— Pandora — Michael disse, claramente se controlando para não demonstrar nenhum tipo de emoção, assim como ela estava. Ele havia mudado, não apenas por causa do cabelo, que tinha deixado crescer, mas também por conta de sua postura. Ele não era mais o garoto perdido e em crise que ela uma vez conheceu. — Já faz um tempo.

— Bem, você sabe como é. — Pandora tentou manter sua face inexpressiva diante daquela criatura malévola, não queria demonstrar o quanto sua presença ainda a abalava. — Eu tinha um apocalipse para evitar, você tinha 90% da população para explodir. Nossas agendas eram simplesmente... Incompatíveis.

— Vejo que mantém seu senso de humor intacto — ele comentou, erguendo a sobrancelha. — Achei que o fim do mundo fosse te deixar menos ácida.

— E eu achei que fosse te deixar menos babaca, mas aparentemente nós dois nos enganamos. — ela lançou-lhe uma piscadela, contornando a lareira e se posicionando no pé da escada. — Sentiu minha falta, Devil Jr?

Michael soltou uma rápida risada com a menção do apelido que Pandora carinhosamente o deu, colocou as mãos atrás do corpo e desceu ao seu encontro. Não importava o lugar ou a hora, aquele serzinho maldoso sempre instigava todo tipo de sensações esquisitas na garota.

— Por um tempo, temi que você tivesse queimado com o resto deles. — Moveu as mãos em um gesto de desdém ao indicar o resto da população, sem responder a pergunta objetivamente. — Mas é como dizem, vaso ruim não quebra.

— Acho que isso explica bem o fato de você e o seu brinquedinho estarem firmes e fortes. — Pandora devolveu na mesma moeda, sorrindo de lado para o homem e sua robô assassina.

ME AND THE DEVIL ➸ michael langdonOnde histórias criam vida. Descubra agora