64. (not a) happy birthday

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— pandora!

14 de Dezembro, 2017

Parada em frente ao espelho do seu banheiro, Pandora conversava assiduamente com Zoe havia pelo menos quinze minutos. Fora a bruxa quem atendera seu chamado naquela madrugada, ao invés de Cordelia, que não estava se sentindo muito bem para a comunicação. A cada dia, a Williams ficava mais preocupada com ela.

— As meninas vivem perguntando por você — a Benson revelou, repousando a mão sobre o colo. — Jane, principalmente.

A jovem sorriu, sentindo uma sensação de pesar no estômago. Apesar de ter afastado as colegas durante seus últimos dias na academia, ela estaria mentindo se dissesse não sentir falta delas.

— Elas sabem que estou aqui? Com ele?

A bruxa balançou a cabeça. Ótimo.

— Tudo o que contamos é que está em uma missão especial. Ninguém além do conselho sabe o que está fazendo.

Pandora suspirou, alívio percorrendo seu corpo. Ao menos dessa forma seria menos expectativa sobre ela por parte do clã. E, consequentemente, menos pessoas que desapontaria por conta de seu fracasso iminente.

— É melhor dessa forma — disse, tamborilando os dedos sobre a pia.

Zoe deu um leve sorriso, do tipo que dava vontade de apertar suas bochechas através do espelho.

— Como ele é? — ela inquiriu, analisando a ruiva. Ninguém havia feito essa pergunta antes. — O Anticristo é tão mal assim como Madison e Behold fizeram parecer?

A Williams engoliu em seco. Então, negou com a cabeça.

— Não conte para Cordelia e Myrtle, mas eu gosto de passar meu tempo com ele — confessou, o coração dando um salto. — O Devil Jr... — Ela arregalou os olhos, corrigindo-se em seguida: — Michael não é um monstro. Ele só... Foi quebrado e usado o suficiente para se tornar um. O problema é que, quando todos dizem que você nunca será capaz de se tornar bom, eu acho que é possível acabar acreditando neles e deixando o mal te consumir.

Zoe assentiu, digerindo suas palavras. Pandora confiava nela mais que nas outras bruxas, porque ela também fora uma jovem inconsequente no passado. Ela entenderia.

— Você realmente acredita que ele pode mudar?

A ruiva anuiu.

— Com o incentivo certo, qualquer um pode mudar — afirmou.

Era verdade. Ela sabia que havia uma mínima possibilidade de convencê-lo a deixar o Apocalipse de lado, mas não acreditava que existisse uma chance mínima de fazê-lo desistir de sua vingança. De qualquer maneira, ela não podia deixá-lo exterminar as bruxas.

Mas não parecia haver uma maldita saída.

— Você parece bastante certa disso — a loira observou.

A Williams mordeu o próprio lábio.

— Eu tenho que acreditar nele, porque sei que ninguém mais vai.

As duas conversaram um pouco mais antes de se despedirem. Pandora não teve coragem para trazer à tona a questão da alma de Mead, e como aquilo impactaria a missão. Maldita covarde, xingou-se mentalmente por isso. Então, ela desfez a conexão entre os espelhos e deixou a suíte, caminhando nas pontas dos pés em direção à cozinha. Já passava da meia-noite e ela não queria acordar Michael.

A brisa marítima atingiu seu rosto, embaraçando seus cabelos. Ela revirou os olhos, repassando mentalmente os xingamentos que usaria com o Langdon no dia seguinte para repreendê-lo por esquecer a sacada aberta.

ME AND THE DEVIL ➸ michael langdonOnde histórias criam vida. Descubra agora