Gwyn já estava no ringue, assim como Nestha e Emerie e Cassian. No dia anterior, tinham chegado a decisão de começar os treinos mais cedo. Por enquanto, passariam a treinar uma hora e meia a mais, chegariam quarenta e cinco minutos mais cedo e sairiam quarenta e cinco minutos mais tarde. Estavam evoluindo cada vez mais, o que fazia o treinamento exigir mais delas, o que significava mais tempo no ringue.
Merrill não iria gostar e passaria a gritar mais que o normal, mas ela não se importava nem um pouco. Continuaria fazendo seu trabalho, só não no tempo exato que a sacerdotisa queria. E isso não era problema dela.
As três e Cassian já tinham se aquecido e feito os exercícios iniciais, fariam outra sessão e depois iriam para os arcos. Aquela coisa maldita, era grande demais e pesada demais. Usar um deles consumia muita mais força e energia do que um arco comum e esse era o maior desafio: conseguir se adaptar à arma.
Mas, se Gwyn tinha aprendido uma coisa é que sempre havia como lidar com uma situação ou qualquer coisa se adaptando a ela. Aceitando que não havia outro jeito e se moldando aquilo. Às vezes, era o único jeito de conseguir ir em frente: aceitar. Ela tinha tido bastante tempo para entender isso.
A sacerdotisa deu o último gole de água, afastando o pensamento.
Ela olhou para o arco de entrada, agora era questão de poucos minutos para as outras chegarem. O pensamento nem tinha chegado ao fim quando passamos soaram. As outras entraram no ringue, uma conversando com a outra, se organizando em seus próprios espaços e grupos. Algumas rindo.
Gwyn sentiu um aperto no peito, ela queria que aquilo durasse. Queria que aquelas fêmeas continuassem assim, felizes e despreocupadas. Tinham passado tanto tempo sem saber o que era aquilo e agora, que tinham descoberto de novo, poderiam perder. Não sabia como estava a atual situação entre os territórios, mas Nestha tinha lhe dito da possível guerra.
E aquilo não era justo. Não mesmo. Só que o mundo não era, as pessoas, as coisas não eram. Também tinha aprendido aquilo. Mas doía saber que tudo poderia acabar, ela não podia deixar que acontecesse e estava disposta a tudo para aquilo. Mesmo que significasse quebrar promessas, mesmo que lhe custasse tudo. Ela sentiu um nó se formar em seu estômago.
E não tinha percebido o quanto estava deixando que aqueles pensamentos transparecessem até que Nes apertou a mão dela. Gwyn olhou para ela, surpresa por um instante, mas depois apertou de volta e se deu conta de que suas irmãs ficariam ao seu lado, independente de qualquer coisa, elas ficariam. E isso era tudo o que precisava.
Nestha lhe lançou um olhar que perguntava: Está tudo bem?
Ela assentiu, limpou a garganta e abriu um sorriso. Deixando os pensamentos de lado. Exercícios, era nisso em que tinha que se concentrar, a Valquíria limpou a mente e entrou naquele lugar de paz e concentração inabalável.
Cassian foi orientar as outras e ordenou que começassem. Ela, Emes e Nestha obedientemente passaram para a segunda série, era mais uma espécie de alongamento e aquecimento — não como os que faziam no início do treino, aqueles eram para acordar a musculatura, esses serviam para preparar o corpo para o que estava por vir, para a turtura que viria em seguida. Eram mais intensos. As três sempre reclamavam, mas gostavam daquilo.
Elas continuaram naquilo por um tempo. E Gwyn estava focada no treino, mas... Ela também meio que estava esperando Azriel aparecer, o tinha deixado lendo na biblioteca e ele não tinha tomado café com eles. Sequer havia dado sinal de vida. Talvez tivesse saído de novo, talvez passasse o dia inteiro fora.
E ela não se incomodava com aquilo, só que tinha se acostumado com a presença do encantador de sombras e sentia falta de treinar com ele — de vencer ele, especificamente — e aquilo era loucura porque Az só tinha saído por um dia. Só podia estar ficando maluca. Só que... Tudo bem, ela meio que sentia falta dele, da companhia. Aliás, com quem ela iria implicar? E agir como uma criança super competitiva?
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𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠
FanfictionSorrir não é o mesmo que estar bem. Não falar não significa não ter nada a dizer. Azriel sempre guardou para si tudo o que sentia. Suas cicatrizes são muito mais profundas que aquelas em suas mãos, seu passado ainda paira sobre ele como um fantasma...