CAPÍTULO 45

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O encantador de sombras tinha pousado no chão musgoso entre as árvores grandes a um tempo, aquela parte da floresta era tão densa que não havia como chegar aonde precisava voando.

Estava começando a se perguntar se deveria continuar, porque sinceramente faziam séculos desde a primeira e última vez em que fora ali, sabia que seu destino continuava no mesmo lugar porque tinha falado com um dos seus espiões, o mesmo que tinha dito que ele existia pela primeira vez.

No entanto, ele tinha a impressão de que estava errando o caminho e... Estava ficando realmente escuro, e apesar de conseguir lidar com as bestas de Illyria se desse a infelicidade de encontrar com uma, não queria aquilo. Azriel suspirou, mas bastou olhar para seu pulso para continuar andando. Devia aquilo a Gwyn, então o faria.

Suas sombras murmuraram e Azriel seguiu na direção que elas indicaram, menos de um minuto depois, ele viu, era um lugar tão camuflado que poderia passar despercebido por muitos em até plena luz do dia. A toca ficava sob uma elevação de um amontoado de terra e pedras na qual ficava um monte de raízes da grande árvores acima, entre outras árvores.

A porta era pequena de madeira escura e cheia de cipós e lodo a deixando quase invisível sobre a terra e pedras na qual ficava apoiada. Az piscou, se aproximando mais, faziam cinco séculos e o lugar estava exatamente igual, nem em melhores nem em piores condições.

O encantador de sombras deu um passo a mais e empurrou a porta com cuidado, levemente apreensivo em quebrar as dobradiças antigas, sujas e enferrujadas, que no entanto se abriram sem sequer fazer um ruído. A luz de velas flutuantes iluminou a sua visão e o Illyriano entrou, tendo que se abaixar ao passar pela porta.

Azriel ainda estava ajustando suas asas para que não arrastasse no chão, nem batessem no teto, percebendo e se lembrando um segundo depois que aquele lugar era vinte centímetros mais alto que eles e espaçoso o suficiente para que se movimentasse sem problemas.

— Na verdade, — a voz gutural e baixa soou — eu expandi.

Az entrou em alerta por puro instinto, vendo pela primeira vez a mesma criatura que o tinha atendido há tanto tempo. A coisa se virou para ele, os olhos cinzas-esbranquiçados se largando um pouco enquanto o analisava e um sorriso amarelo surgiu e as unhas grandes e sujas de terra balançaram, seguindo o movimento dos dedos.

— Ah, você... eu me lembro de você. O menino das sombras.

Suas sombras espiaram por cima de seus ombros e o sorriso do ser por trás do que deveria ser o balcão, feito de tronco de árvore, cheio de pequenas velas o adornando e derretendo sobre as elevações, aumentou.

— Faz tempo, — Az disse finalmente, chegando mais perto — me surpreende que lembre.

— Eu não me esqueço de coisas interessantes e você pode não brilhar, menino sombrio, mas é uma das coisas mais raras em que já pus meus olhos.

Azriel ficou olhando para a criatura antiga e rara naqueles tempos. Era um Murku'h. Uma espécie que tinha tanta sensibilidade à magia quanto era suscetível a sentir metais, pedras preciosas, atraídos naturalmente por brilho. Normalmente viviam em cavernas e tocas, qualquer lugar que fosse úmido e escuro.

Murku'his eram baixos, meio corcundos devido a um tipo de carapaça que possuíam nas costas, tinham mãos grandes, com dedos longos, próprios para cavar, assim como os pés, o que fazia com que os braços e as pernas parecerem ainda menores do eram. A pele era negra, mas ficava um tanto acinzentada por falta de sol, o rosto era um tanto achatado e normalmente enrugado porque parecia que já nasciam velhos, os cabelos eram ralos e as orelhas eram quase tão grandes quando a cabeça deles além de pontudas.

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora