Três dias. Três malditos dias infernais de guarda, indo para uma fortaleza a outra, planejando como iria entrar e sair, tendo reuniões com espiões que não serviam de nada, porque no fim não havia nada para saber. De uma hora para a outra, tudo ficou parado, não havia movimentação de carruagens, carregamentos ou guardas chegando a fortaleza, nem as outras. Ninguém entrava, ninguém saía.
Azriel tinha a péssima sensação de que aquilo era o ponto em que as coisas passavam a dar terrivelmente errado e tudo apontava para que ele estava certo. Tinha passado as últimas 78 horas criando todos os cenários possíveis, se imaginando como um deles, tentando desvendar pelo o pouco que sabia um pouco do que estavam planejando, qual seria o próximo passo e o que ele teria que fazer para ser mais rápido.
Para melhorar toda a situação Yanka não tinha dado nenhum sinal de vida, disse a si mesmo que tinha se passado pouco tempo que não havia como ela já ter pego as informações, só que isso só servia para piorar seu humor. Não saber o que diabos estava acontecendo era horrível, principalmente com a sensação latejante de que tinha algo muito errado.
O encantador de sombras respirou fundo algumas vezes e foi desfazer as marcas e rastros do acampamento que tinha montado, dando tempo o suficiente para que o espião chegasse e ele ordenasse que ficasse de guarda e que o mínimo sinal de movimento deveria ser reportado.
Não tinha porque ele continuar ali, havia dito a Cassian que voltaria se tivesse informações, isso parecia ter sido há duas semanas, tinha voltado para a Casa do Vento naquela noite por algum motivo e acabado encontrando Gwyn, e apesar de tudo, lembrar daquilo fez com um sorriso surgisse.
Az lembrou do rosto dela corado, mesmo na escuridão tinha visto a vermelhidão se espalhar pela pele clara e pontilhada de sardas e isso fez com que se lembrasse do cheiro dela, no momento em que o sentiu precisou exercer muito autocontrole para não chegar mais perto, a colocar entre seus braços e por seu rosto na curva do pescoço dela apenas para sentí-lo.
Só os Deuses sabiam o quanto teve que se controlar provocá-la, sendo que mal sabia o que estava falando, e depois ao vê-la se afastar o quanto teve que repetir para si mesmo para não seguí-la e pedir para que ela dissesse com detalhes o que estava se passando na cabeça dela.
Azriel balançou a cabeça, lembrando-se também que ao voltar para o seu próprio quarto mal tinha dormido com a ciência de que estavam sozinhas naquela casa e ela estava deitada sozinha numa cama grande a poucos cômodos de distância e se dizendo que mesmo que pudesse ir até lá, não poderia porque teria que sair antes do sol nascer e isso era muito pouco tempo.
Desde então, tinha estado naquele inferno e o tempo estava se arrastando, passou os últimos dias tentando conseguir alguma informação ou pelo menos pista e nada, mas no tempo em que parava por alguns minutos ou quando podia descansar por poucas horas ele ficava pensando, pensando e pensando em várias coisas e em uma em especial. Nela. E quanto mais pensava, mais certeza tinha.
O Illyriano alongou as asas e soltou um suspiro, repassando o que iria fazer naquele dia, primeiro teria de ir até a Casa do Rio e falar com Rhys, dizer o que estava acontecendo - pior: que não estava acontecendo nada. E isso era perturbador - e depois iria para Casa do Vento, estava cedo então chegaria antes do treino terminar e depois... Ele veria o que iria acontecer.
Az não se deu mais tempo para pensar e entrou nas sombras, o frio e a escuridão familiar o cercando enquanto atravessava entre um lugar e outro, um momento depois o frio e escuridão foram substituídos pelo calor e luz de Velaris e os sons da cidade a volta, assim como o do Sidra, mas ele não estava ali para aproveitar a paisagem então foi entrando na Casa, suas sombras sussurraram com uma certa urgência, mas um segundo tarde demais.
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𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠
FanfictionSorrir não é o mesmo que estar bem. Não falar não significa não ter nada a dizer. Azriel sempre guardou para si tudo o que sentia. Suas cicatrizes são muito mais profundas que aquelas em suas mãos, seu passado ainda paira sobre ele como um fantasma...