CAPÍTULO 11

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O sol estava queimando sua cabeça e o suor cobria cada parte dela. Todas as Valquírias estavam no fim de um treino pesado, elas já eram resistentes, já eram fortes, mas nunca era demais, então sempre faziam uma sequência para aumentar resistência.

Quinze minutos diretos em um circuito de corrida, agachamentos, flexões e mais outras seis variações diferentes que mudavam e se tornavam mais complexas a cada dia. Ela não se importava, até gostava, mesmo que seu corpo no fim do dia não dissesse o mesmo.

Mas Gwyn tinha que ser sincera: Não estava totalmente focada no treino. Sim, ela estava fazendo todos os exercícios e sim, estava dando o melhor de si, mas aquilo era seu corpo e apenas uma parte do seu cérebro trabalhando. A outra metade estava na noite anterior, em um certo Illyriano que não tinha aparecido no treino.

Ele provavelmente tinha ido ao continente. Mas de novo: Sim, ela estava preocupada. E não sobre o fato de Az estar fazendo o que quer que estivesse fazendo, mas sobre como estava. Ela sabia que haviam coisas escondidas dentro dele, coisas que o perturbavam, mas não sabia até que ponto. E ver como ele tinha ficado tinha sido angustiante e Gwyn também estava ciente que aquilo era só a ponta do Iceberg, que tinha muito mais.

Ela não sabia muito bem o que fazer, mas ficaria ao lado dele caso precisasse. Por que, bem, o que mais ela poderia fazer? Sabia como ele estava se sentindo, sabia como era tentar a todo custo fugir de si mesmo e de tudo o que era. Fugir da própria mente. Luta contra os sussurros das vozes que estavam impregnados na sua cabeça, contra as coisas que rastejavam sob a pele e pareciam apenas querer uma brecha para subir à superfície. Sabia o que era entrar em pânico quando isso acontecia, quando tudo vinha para cima, destruindo tudo no caminho. Sabia como era se sentir sozinha naqueles momentos. Sabia como doía e sufocava.

Só que era Azriel e era tão, tão, tão injusto que ele pensasse daquela forma.

E também havia aquela sensação, tinha sentido algo estranho, diferente, quando a abraçou. Como se alguma coisa tivesse mudado entre eles. Gwyn meio que tinha se assustado com a sensação, não de um jeito ruim, mas... Ela não sabia o que era aquilo e sempre tinha sido ensinada a ficar longe e ter medo do não era conhecido. Mas era ele, não havia nada de assustador em Azriel. E não tinha como, simplesmente não tinha como, ficar longe de Az. Não fazia a mínima de onde estava se metendo ou do que era aquilo, mas se afastar não era uma opção.

— Gwyneth Berdara!

A Valquíria piscou e parou no meio do abdominal, perguntando um tanto perdida a Emerie:

— O quê?

— Pode nos dizer aonde sua cabecinha estava?

— Em lugar nenhum.

— Mesmo? — perguntou Nes, ao lado da Illyriana — Porque você fez mais dez abdominais do que era preciso e nem pareceu notar.

Certo, talvez ela tivesse divagando demais.

— Perdi a conta. — não era uma mentira.

— O porquê disso continua sendo um mistério. — Emes, que nunca perdia uma chance, disse.

Ela ignorou o comentário e estendeu a mão para Nestha, que a agarrou e a ajudou a se levantar. Cassian estava do outro lado do ringue, corrigindo a postura de Thalia. Algumas das Valquírias já estavam fazendo o resfriamento.

— Acabamos por hoje? — ela perguntou.

— Por favor, sim.

— Concordo com Nestha, quase não sinto meus braços, isso porque quando os mexo consigo sentir dor.

Gwyn riu. Ela estava na mesma situação, tinham começado com os arcos Illyrianos naquela manhã, haviam tido uma lição de arco e flecha antes, mas só uma prévia e tinha sido com arcos normais, não aquele monstro torturado de braços, que precisavam do triplo da força.

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora