CAPÍTULO 74

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Gwyn apertou uma das fivelas do seu traje e conferiu as armas presas nele, tentando fingir que não estava com as mãos trêmulas e que seu coração não estava martelando no peito.

Quando Rhys e Amren disseram que ela deveria aprender a atravessar, ela disse: certo. Vou fazer isso. A tempos estava tentando, mas aquilo era basicamente impossível, vez ou outra sentia um tipo de formigação sobre a pele, sentia o espaço começar a se contorcer ao seu redor, mas então parava. Só que naquela manhã, quando o Grão-Senhor e Grã-Senhora, junto a Imediata, haviam entrado naquele assunto outra vez e dito que deveria treinar, sabia muito bem que não estavam pensando no fato de ela controlar seu dom.

Tanto Feyre quanto Rhysand haviam dito que sua forma de atravessar era diferente, então, é claro, o único que fazia isso de forma semelhante a ela era Azriel. Então, ali estava ela: Em pé no ringue vazio, vestindo couro Illyriano, armas espalhadas pelo corpo, fingindo que seu coração não estava a um passo de sair do peito.

Uma semana, uma maldita semana que não falava com ele.

Gwyn fechou os olhos e respirou fundo, tinha pensado muito, obsessivamente, sobre tudo aquilo e... Ela só queria resolver, queria apenas deixar tudo esclarecido, não importava o resultado final daquilo. Só não queria ter mais nenhuma dúvida, não queria mais ficar imaginando cenários, nem possibilidades. Mesmo que aquela parte teimosa e orgulhosa sua dissesse que sequer deveria sentir vontade de falar com ele, mas ela sentia.

A ruiva puxou a respiração mais uma vez, estava começando a ficar impaciente com a demora, e aquilo só servia para que começasse a repassar todos os pensamentos dos últimos dias e não queria começar com aquilo mais uma vez.

Ela ergueu o olhar pro céu, meio nublado por estarem chegando ao meio do Outono e suspirou, e então ouviu o bater de asas agora tão familiares quanto o bater do seu coração — que acelerou loucamente em seu peito —, no segundo seguinte o Illyriano entrou em seu campo de visão.

Seus olhos encontraram o do Encantador de sombras e se fixaram no castanho dourado, seu primeiro impulso foi de ir mais para perto, ceder ao corpo e a alma o que estavam implorando, o outro foi de permanecer onde estava e não fazer absolutamente nada.

Uma parte sua disse para falar com ele, deixar tudo resolvido, independente de como tudo aquilo fosse terminar, a outra disse que deveria fingir que não havia nada para ser dito e fazer apenas o que os governantes da corte tinham lhe pedido, e essa parte, ela sabia, tinha muito receio de as coisas piorarem, de aquelas malditas dúvidas se tornarem reais se ela falasse.

Az posou no ringue, as sombras dele se amontoaram sobre seus ombros e Gwyn quase sorriu para elas, mas aí seus olhos se voltaram para os dele e o silêncio pesou, o espaço tão tenso entre eles quanto um fio esticado.

Ele deu um passo à frente, os lábios se abriram um pouco como se estivesse prestes a falar, mas foi mais rápida e falou:

— Acho melhor irmos logo.

Mas não saiu do lugar ao ver Azriel desviar o olhar e engolir em seco, as mãos dele se abrindo e fechando enquanto simplesmente assentia.

Mas não saiu do lugar ao ver Azriel desviar o olhar e engolir em seco, as mãos dele se abrindo e fechando enquanto simplesmente assentia

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𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora