CAPÍTULO 52

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Sentia seu coração acelerado, sentia sua respiração levemente falha, sentia sua pele formigando, a luz em suas veias pulsando junto a seu sangue, querendo sair. Mas, acima de tudo isso, sentia a correnteza chamando, sentia a vibração que vinha da água, sentia o poder se agitando no fundo. Sentia a presença tão forte quanto as ondas que se chocavam contra as pedras negras.

— Narben — sussurrou sem sequer se dar conta.

E, como se em resposta, como se a lâmina presa entre as pedras e sob a água tivesse ouvido, as ondas quebraram mais forte sobre as rochas. Gwyn deu um passo e depois outro, indo naquela direção sem conseguir evitar, como se estivesse sendo puxada por mãos invisíveis. Estava quase na beirada, quase jogando na água quando sentiu um puxão para trás.

Ela piscou, percebendo que estava quase em transe e só saiu dele quando sentiu o corpo de Azriel a suas costas. A ruiva balançou a cabeça e olhou para o Illyriano, que a segurava como se tivesse medo de que ela fosse apenas se jogar na maré, e era exatamente o que ela iria fazer.

— Azriel...

— A corrente está forte demais — disse, antes que ela pudesse pronunciar algo além do nome dele — Não vou deixar você entrar ali.

— Narben está ali — rebateu — Eu posso sentir ela, posso... posso ouvir ela.

— Que se dane a espada, a correnteza está forte demais, Gwynie.

A Valquíria o olhou como se não entendesse, ela sabia que as ondas estavam fortes, podia ver e ouvir claramente isso, mas não era o suficiente para a apreensão na voz dele. Além do mais, tinham ido até ali para pegar a espada. E... Não conseguia evitar, tudo nela estava a levando naquela direção, mesmo seu sangue parecia correr ao ritmo daquilo.

Ela colocou as mãos sobre os braços que a seguravam e tentou se livrar deles, ao dizer:

— Azriel, você tem que soltar.

— Não.

— Az...

— É maluquice, é... é sucídio.

Gwyn o encarou, sentiu aquela coisa se agitar em seu peito quando viu os olhos castanhos buscarem os seus, e... tinha medo ali. Medo de verdade.

— Eu posso fazer isso — afirmou ao fixar os olhos nos dele — Eu preciso fazer isso, Az. Não só pela Corte, aquela coisa... Consigo ouvir isso chamando.

A incerteza tomou os olhos cor de avelã, mas Azriel suspirou e a soltou aos poucos e no mesmo instante ela sentiu aquela coisa a puxar outra vez, ouvir a água murmurar e sentiu a pedra zumbir sob seus pés assim como sentia a luz se agitar dentro de si.

E, no entanto, todas aquelas coisas ficaram em segundo plano quando Az segurou sua mão e disse:

— Por favor... Por favor, não faça nenhuma loucura. Preciso de você viva — seu coração errou uma batida dentro do peito e ela só conseguiu assentir, os dois se encararam por um segundo e ele disse — Eu vou está aqui, se precisar, se...

Gwyn apertou a mão dele e disse, um pouco sem ar por causa da pressão que sentia em seu corpo que parecia a puxar para a água:

— Prometo que vou deixar você me salvar se algo der errado.

Azriel fechou os olhos e balançou a cabeça por um instante e murmurou:

— Não brinque com essas coisas.

Tudo que fez foi abrir um sorriso leve e dizer:

— Fique a postos, encantador de sombras.

E soltou a mão dele.

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora