CAPÍTULO 50

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Era como espécie de dejá vu, estavam todos sentados num cômodo como da outra vez, a diferença era que estavam na Casa do Rio dos governantes em um escritório, ela notou pelas paredes repletas de livros e pela mobília, além de um sistema solar que girava com os cosmos e planetas. E também pela presença a mais de Lucien, que tinha se encostado na parede, num canto do cômodo.

Na noite anterior, Az e ela tinha ficado naquela clareira por muito tempo, sem dizer nada, apenas lá, sentados na grama fria de sereno até que ela apagou e ao que parecia ele a trouxesse de volta para a Casa, sua outra lembrança era de ter acordado com o Encantador de Sombras a chamando baixinho, do outro lado da porta de seu quarto.

Ela mandou que entrasse e Azriel disse que Rhysand tinha dito que todos precisavam ter uma conversa séria, para deixar tudo em ordem e que deveria ser naquela manhã, o mais rápido possível, ficou meio nervosa e Az não pareceu muito feliz — o que resultava nele parado do seu lado como se fosse uma muralha — mas ali estavam.

Todos estavam olhando uns para os outros, especialmente para ela. Azriel estava bem ao seu lado, em pé, com uma cara que era tudo menos amigável. Sua cabeça ainda estava doendo e havia uma confusão muito grande dentro dela além de um tipo de cansaço pairando sobre ela.

Gwyn respirou fundo e tentou não se remexer no assento, o Grão-Senhor e a Grã-Senhora se acomodaram, Amren se encostou no sofá do outro lado da sala, o rosto impassível. Nestha e Emes pareciam querer conversar com ela e a ruiva se deu conta que no meio daquela confusão toda não tinha falado com elas.

— Bom... — Feyre começou — Podemos começar?

Cassian abriu um sorrisinho e disse:

— Acho que antes deveríamos fazer um juramento de que vamos sair todos vivos daqui — e o General disse isso passando o olhar significativamente para Az, Nes e Amren.

Mor que tinha se sentado perto de Emerie fez um gesto de concordância com a cabeça.

— Acho que isso é válido.

— E eu acho melhor os dois ficarem calados — Rhys afirmou, no mesmo tom dos outros, mas a leveza sumiu um instante depois — Precisamos falar sobre... tudo isso. Gwyn preciso que fale sobre seu... dom.

Ela engoliu em seco, o medo antigo se agitando, fazendo com que sentisse um nó no estômago. Az se mexeu ao seu lado e o irmão dele acrescentou, a voz leve:

— E só para deixar claro isso não é nenhum tipo de julgamento.

A Grã-Senhora concordou.

— Exatamente, só precisamos que nos diga o que sabe sobre isso, precisamos entender o que é.

A sacerdotisa puxou a respiração e seu olhar desceu para sua mãos enquanto dizia:

— Acho que esse é o problema, eu... eu não sei o que é. Quero dizer, é um tipo de luz, apenas isso: luz. Mas nunca usei, não sei como funciona ou mais nada além de que é luz.

— Nunca tentou saber mais sobre, aprender a controlar?

A ruiva sentiu aquela pontada de dor no fundo do peito, mas balançou a cabeça fazendo que não e forçou as palavras saírem da sua boca:

— Não, em Sangravah eu nunca pude usar, só as Altas Sacerdotisas sabiam e... era proibido. Elas me proibiram desde da primeira vez que isso veio à tona, quase expulsaram minha mãe e a mim e minha irmã de lá por conta disso, achavam que eu era uma encantadora de luz, que acabaria... machucando as outras, fizeram eu e minha mãe jurarmos que ninguém iria ficar sabendo e que nunca usaria isso. Então, minha mãe mandou que eu mantivesse isso em segredo, numa tentativa de me proteger, e fiz o que elas mandaram fazer, por isso nunca consegui entender o que era, sempre... mantive isso escondido, por... medo.

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora