CAPÍTULO 34

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Azriel tinha passado os últimos dois dias se deslocando, planejando, replanejando, calculando e ouvindo tantos relatórios que sua mente chegava a girar - ou talvez isso fosse porque a última vez que ele tinha comido havia sido no dia anterior. Comer. Adicionou à lista de coisas que tinha que fazer logo.

Era pior do que tinham imaginado. Muito.

A movimentação de cargas e carruagens com soldados humanos tinha começado a muito tempo. Na última guerra. Ele se sentiu um idiota por não ter pensado naquilo. Por não ter considerado a possibilidade de que teriam um plano maior por trás se a conquista de Hyrben não funcionasse. Nenhum deles tinha.

Acontece que aqueles soldados estavam se reunindo a muito tempo, de uma forma lenta e despretensiosa, em tempos de guerra, com o inimigo batendo a porta quem iria dar atenção a carruagens aparentemente normal chegando as fortalezas? Ele deveria, só que não adiantava ficar pensando nisso agora. Durante todo aquele tempo, os exércitos escondidos de intocados das Rainhas estavam se preparando. Se concentrando em dois lugares e a Mãe sabe mais o que.

Tinham dado um tempo, diminuído o ritmo depois de eles vencerem, mas depois da morte de Briallyn... a pressa tinha aumentado. E agora lá estavam, todos os milhares de soldados reunidos dentro daquelas duas fortalezas de pedra. Protegidos por elas. Provavelmente construindo armas para terem uma chance maior em combate.

E o filho da puta de Beron estava ao lado deles, além de ser um desgrçado, era burro. Óbvio que tinha um grande acordo por trás daquilo, que havia uma ótima razão para ele. Um ganho muito grande. Mas também era óbvio que depois de tudo iriam se virar uns contra os outros. Beron não aceitaria dividir o território com humanos, as Rainhas sabiam disso, ele sabia que elas sabiam, que mais cedo ou mais tarde o conflito se tornaria algo interno, então o que poderia ganhar para arriscar tanto?

Porque não era só um conflito interno, tinha a possibilidade de ele perder tudo durante a guerra - o que Azriel faria de tudo para que acontecesse, porque se não fosse ele, seria sua família - mesmo assim, o Grão-Senhor tinha entrado naquele jogo, se aliando a elas então o que? O que faria Beron arriscar seu território e sua coroa? Até onde Koschei estava envolvido nisso? Quanto da influência dele estava usando? Hyrben estava mesmo envolvido naquilo?

Sua mente estava dando outra volta quando os passos se aproximaram, Az olhou e viu Enam se aproximar, o rosto meio coberto pelo capuz e pela postura do espião, a notícia não era boa.

Uma hora depois, Azriel estava no meio da sala de estar da Casa do Vento, esperando que todos se acomodassem em seus lugares. Todos meio tensos. Emerie olhando de um para o outro, ainda com o couro do treino, sem saber exatamente o porquê de estar ali.

Nestha estava do lado da Illyriana, com aquela postura que usava todas as vezes que sentia que estava sendo encurralada - não por causa de todos naquela sala, mas pelo motivo de estarem ali. Ela tinha razão em se sentir assim, Nes sempre teve um tipo de instinto para situações como aquela.

Rhys mal tinha se sentado quando pediu para que Azriel começasse a falar. O mestre espião buscou as palavras, buscando a linha que amarrava tudo numa sequência lógica.

- Já tinha dito sobre a movimentação entre os castelos das Rainhas, a chegada de soldados e cargas, que acredito estarem sendo usadas para fazer armas contras nós - acenos tensos, exceto de Emes que piscou algumas vezes - e é o que está acontecendo, não tenho certeza absoluta em relação às armas, só que estão mesmo unindo exércitos, na verdade, isso já aconteceu.

- O quê? - Cass perguntou, meio atordoado.

- Está acontecendo a mais tempo que suspeitava, desde que estivemos em guerra, estavam juntando os soldados de um jeito discreto e agora os exércitos estão concentrados em duas fortalezas - ele apontou para o mapa disposto na mesa, para as duas demarcações paralelas uma à outra.

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora