Gwyn acordou devagar, como se seu subconsciente a forçasse a fazer isso quando seu corpo se recusava, estava tão bom ali, por que ela deveria abrir os olhos? Não, dormiria apenas mais um pouquinho, sentindo o calor daquele abraço... Aquele abraço.
Seus olhos se abriram então, a consciência do braço forte ao redor dela, o corpo encaixado ao seu, uma das asas cobrindo seu corpo parcialmente e a respiração lenta aquecendo a parte de trás do seu pescoço. Ela prendeu a respiração, ordenando a si mesma para que não se mexesse e para não acabar acordando ele.
A última que se lembrava era de que estava fazendo carinho nos cabelos de Az, então caiu no sono. Gwyn ficou mais um ou dois minutos quieta, mas aquilo foi o máximo de tempo que conseguiu, ela se virou devagar, muito devagar, ficando imóvel quando ele a apertou um pouco mais e respirou um pouco mais pesado, não queria o acordar ainda, então esperou um pouco e só quando teve certeza de que isso não aconteceria se virou para ele.
E aí sua respiração ficou presa por outro motivo. Seus olhos passearam pelo rosto do encantador de sombras, os cílios escuros e grossos tocando a parte inferior aos olhos, a bochecha meio esmagada da forma mais linda que já tinha visto contra o travesseiro, a linha da boca e lábios levemente entreabertos, alguns fios bagunçados pelo sono caiu sobre a testa. Azriel era injustamente bonito, do tipo que deveria ser proibido.
Não que já não soubesse daquilo, mas é que ali, havia algo a mais, algo diferente, ele parecia tão... sereno. Aquela palavra com certeza não podia ser aplicada a Azriel normalmente. Mesmo que ela achasse que algumas pudessem o qualificar assim, o que era um engano. Ele podia apresentar uma quietude, fingir um calmaria inabalável, mas a verdade é que Az estava sempre pensando e observando tudo, o tempo inteiro, como se estivesse sempre em estado de alerta. Mas, naquele momento, não era o caso, o encantador de sombras estava dormindo tão tranquila e profundamente que era quase angelical.
Deuses... Emerie e Nestha tinham razão, ela sequer conseguia disfarçar o quanto estava apaixonada por ele, só que aquilo não importava, eles estavam juntos, então podia pensar o quanto quisesse que Azriel era bonito e qualquer coisa que a fizessem parecer uma idiota apaixonda. Não que fosse admitir abertamente essas coisas.
Mais alguns minutos se passaram e ela deve ter passado tanto tempo observando Azriel que mesmo no sono ele deve ter sentido. O Illyriano se remexeu e abriu os olhos devagar, o castanho claro a cumprimentando. Um bocejo sonolento e depois Az enfiou o rosto na curva do seu pescoço, resmungando algo completamente indecifrável. Gwyn soltou um riso nasal e disse:
— Bom dia para você também, eu acho. — outro resmungo — Ah sim, eu concordo com tudo o que está falando.
Azriel ergueu o rosto, parecendo bem mais acordado agora e sem cerimônia nenhuma a beijou, de um jeito que fez com que seu corpo se lembrasse o quanto tinha sentido falta dele. Quando as bocas se separaram Gwyn estava fazendo um grande esforço para se lembrar do próprio nome.
— Bom dia — ele disse, o tom rouco passeando por ela, seguido de um arrepio.
Gwyn quase não viu o sorriso no rosto dele antes de o puxar para junto dela novamente. Pela Mãe, ela realmente precisava dele. Tipo, precisava das mãos dele nela e da boca dele na dela e... Todo o resto. Az gemeu baixo contra seus lábios, o corpo se ajustando sobre o seu, uma das pernas ficando entre as suas.
Sua pele de repente ficou muito quente, tudo nela ficou muito quente e a pressão do peitoral dele contra seus seios não estava ajudando. Gwyn respirou fundo, tentando acalmar a inquietação crescente, mas, Deuses, cada toque fazia suas pálpebras pesarem mais e sua respiração ficar um pouco mais difícil.
— Gwyn, — suas unhas se cravaram nos ombros — humm, Deuses...
Mais uma vez as bocas deles estavam grudadas, um beijo quase desesperado, como se fizesse séculos desde a última vez. Até que seus pulmões quase gritassem que precisavam de ar. Az se afastou, as pupilas dilatadas, e respirou fundo como se estivesse buscando um resquício de controle.
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𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠
FanfictionSorrir não é o mesmo que estar bem. Não falar não significa não ter nada a dizer. Azriel sempre guardou para si tudo o que sentia. Suas cicatrizes são muito mais profundas que aquelas em suas mãos, seu passado ainda paira sobre ele como um fantasma...