Gwyn realmente não fazia a mínima ideia de como, mas de algum jeito, entre o fim do treino e a caminhada pelo corredor que levava a seu quarto, a boca de Azriel tinha acabado junto a sua, mãos dele haviam ido para na sua cintura e as dela nas mechas escuras.
Não que aquilo fosse um problema.
Haviam passado as últimas cinco horas — cinco horas torturantes — olhando de esguelha para ele, tentando com todas as suas forças se concentrar em manejar as lâminas, nos exercícios e no combate, mas era muito difícil. Principalmente quando pouco menos de uma hora atrás o Illyriano tinha parado ao lado dela, a mão sorrateiramente descendo pela linha da coluna. Foi o suficiente para que o que restava do seu foco evaporasse. Só os Deuses sabiam como ela tinha conseguido concluir o treinamento.
A verdade é que a única motivação para ter continuado era saber que quanto mais rápido terminasse, mais rápido poderia deixar aquela sensação enlouquecedora a tomar de dentro para fora. Deixar que Az a fizesse parar de pensar. Deixar que ele a tomasse por inteiro e satisfizesse e acalmasse o desejo quase irracional que fazia com que não pudesse pensar em nada além dele e que fervia seu sangue.
E era exatamente o que ele estava fazendo. Menos a parte de acalmar. Estava acontecendo exatamente o contrário. Pela Mãe, aquilo não deveria ser normal, a necessidade que parecia ser inesgotável, não podia ser normal.
Ela desgrudou os lábios do dele para poder respirar, ou tentar, nesse meio tempo as mãos subiram e desceram por suas costas e se fechando em volta da sua cintura novamente quando ele a girou, os colocando em movimento, seus pés se atrapalharam e o único motivo por não ter perdido o equilíbrio de vez foi ele a segurando.
Azriel riu contra seus lábios e Gwyn revirou os olhos, só que depois ficou em dúvida se foi por causa da risada dele ou porque Az desviou a atenção para seu pescoço, a língua lambendo a lateral antes que seus dentes se fechassem sobre a pele, a mordida fazendo um arrepio a percorrer de cima a baixo.
Certo... era pelo segundo motivo.
O Illyriano continuou fazendo aquilo, só que a cada toque ele descia um pouco mais. Quando ele chegou a base do pescoço, sua cabeça pendeu para trás, um gemido escapando.
Com. Toda. Certeza. O segundo motivo.
Az continuou fazendo com que fosse para trás e ela só entendeu o porquê quando caiu sentada na cama, sequer tinha notado que tinha entrado no quarto, nem sabia como tinha chegado ali, e sinceramente não importava. Suas mãos se apoiaram no colchão, buscando um ponto de apoio e no segundo seguinte as dele estavam sobre elas.
As palmas das dele sobre os dorsos das suas, os dedos dele entrando no espaço entre os seus, basicamente a prendendo ali, entre seus braços, com o corpo enorme à frente do seu.
A boca desceu mais e mais até que o tecido da blusa interrompesse o contato direto com a pele. Mas em vez de a tirar, Azriel se afastou, a ruiva abriu os olhos e encarou o encantador de sombras quando um sorriso, que quase a fez se derreter de vez, surgiu no rosto dele.
Gwyn teve que se lembrar de como respirar quando as mãos dele soltaram as suas, quando Az se ajoelhou a sua frente, quando as mãos dele se ocuparam em soltar o cadarço das suas botas e as tirar, uma de cada vez, com uma concentração excessiva, uma lentidão desnecessária e com precisão o suficiente para que ela se lembrasse o que aquelas mãos e dedos eram capazes de fazer.
As mãos subiram de volta deixando o rastro de calor e um leve choque por sua pele mesmo com o tecido ainda ali, a respiração falhou quando chegaram aos botões da calça, ele parou e a encarando perguntou:
— Posso?
Ela puxou a respiração, ao tentar acalmar o coração acelerado assim como tentava conter ao menos um pouco todas aquelas sensações, mesmo que fosse bem difícil já que Azriel estava ajoelhado à sua frente, pedindo permissão para a deixar nua.
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𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠
FanfictionSorrir não é o mesmo que estar bem. Não falar não significa não ter nada a dizer. Azriel sempre guardou para si tudo o que sentia. Suas cicatrizes são muito mais profundas que aquelas em suas mãos, seu passado ainda paira sobre ele como um fantasma...