CAPÍTULO 78

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— O que pensa que está fazendo?

Foi a primeira coisa que saiu da sua boca ao entrar no quarto e ver o encantador de sombras terminando de apertar as amarras dos cintos que prendiam as adagas. Faziam cinco dias desde aquela tarde desastrosa e, graças aos Deuses, já tinham voltado para a Casa do Vento.

E, apesar do Illyriano estar bem e já ter começado a exercitar sua asa de novo, ele não tinha condições nenhuma de sair numa missão. Azriel se virou para ela, as sombras acompanhando o movimento e falou:

— Estou indo falar com alguns dos espiões que estão fazendo a guarda nos arredores...

— Você não vai. Nem pode voar ainda.

— Eu posso voar — ela abriu a boca, mas ele continuou: — Mas só vou fazer isso por tempo o suficiente para atravessar.

A ruiva balançou a cabeça e se aproximou dele dizendo:

— Eu acho que você não entendeu, vou repetir: Você não vai.

— Gwyn...

— Azriel, estou falando sério. Conversei com Rhysand, Nuala e Cerridwen que vão cuidar disso e depois passar um relatório para você, mas, pelo menos por hoje, você não vai.

Ela parou de falar e o silêncio encheu o quarto deles. O quarto deles, era assim agora. A ruiva ficou olhando para os olhos castanhos enquanto eles se semicerravam e o Illyriano balançou a cabeça. E então os dois começaram a falar, as vozes basicamente uma em cima da outra:

— Não pode está falando sério.

Ela deu um outro passo em sua direção.

— Estou.

Azriel balançou a cabeça de novo.

— Gwyneth Berdara, não pode fazer isso, é o meu trabalho...

Outro passo e ela falou, calmamente e cruzando os braços:

— Nem adianta se estressar. E eu posso sim, não vou deixar que saia assim sem saber que está cem por cento recuperado.

O mestre soltou um suspiro e se sentou na beira da cama e disse, o tom levemente contrariado:

Eu estou bem.

Ao mesmo tempo que ela disse:

— Estou apenas me certificando de que meu parceiro está bem.

Azriel parou de falar, talvez tenha sido a palavra "parceiro", ou o fato de que entre o vai-e-vem, ele tenha se sentado na cama e ela estivesse de joelhos sob o colchão, com o corpo dele sobre o seu. Apenas um leve puxão e ela estaria sentada diretamente no colo dele.

— Não vai a lugar nenhum até que eu tenha certeza absoluta de que está bem mesmo — repetiu, indo um pouco mais para perto.

O olhar do encantador de sombras mudou, a íris castanho claro ficou mais escura e veios meio esverdeados assim como os riscos dourados se destacaram um pouco mais quando ele passou a analisar seu rosto, ao notar a proximidade entre eles.

— Certo... — a voz estava sutilmente mais grave também.

A sacerdotisa começou a justificar, mesmo quando o cheiro do Illyriano a atingiu:

— Não quero que... Que pense que vou passar a controlar cada passo que dá, nem nada assim, mas...

Sua voz falhou quando ele quem se aproximou e as mãos subiram pela lateral do seu corpo fazendo com que o tecido da túnica se arrastasse por sua pele até que chegaram em sua cintura e apertaram, a levando mais para perto. Isso foi mais que o suficiente para que tivesse que controlar o ritmo da respiração enquanto colocava as mãos sobre os ombros dele, tocando com cuidado a parte que a poucos dias estava machucada, mas que agora estava completamente curada.

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora