CAPÍTULO 70

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Gwyn tentou com todas as forças se concentrar, tinha aprendido a deixar a luz fluir por ela, deixar que dançasse por entre seus dedos, que a envolvesse, tinha aprendido até a direcionar um feixe de luz, conjurar um tipo raio e fazer com que ele fosse para certa direção o que até aquele momento tinha sido a coisa mais difícil que já fez em toda a sua vida — tinha feito ela querer arrancar os cabelos, mas havia conseguido — só que atravessar pela luz era impossível. Não sabia o porquê de ainda estar tentando.

— Não, já chega. Não vou mais fazer isso. É inútil.

Azriel riu baixo e cruzou os braços, ainda encostado na árvore de onde a tinha observado ficar cada vez mais frustrada e irritada a cada tentativa estúpida e falha.

— Escutei bem? Gwyneth Berdara está desistindo?

A ruiva revirou os olhos.

— Isso não vai funcionar e não é desistir quando não dá para fazer. É impossível, Az.

O Illyriano desencostou do tronco e se aproximou dela dizendo:

— Não é não, você só precisa se concentrar.

— Tente fazer você então.

Ele ergueu as sobrancelhas e abriu um sorrisinho, num segundo estava a vários passos de distância, no outro apareceu bem na sua frente. Ela fez uma careta.

— Odeio você.

— Não odeia não. — ele estava próximo o suficiente para colocar as mãos na sua cintura e lhe beijar e era exatamente o que ia fazer, mas só por birra ela virou o rosto, Azriel riu e deu um beijo na sua bochecha.

Gwyn tentou conter o sorriso e falhou, mas ficou séria e boa parte da frustração voltou quando disse:

— Mas é sério, não consigo fazer isso.

Odiava falhar, odiava. Ele colocou uma mecha do seu cabelo para trás da orelha.

— Você precisa parar de pensar tanto, se concentre só em pedir para que sua luz a deixe fluir por ela, como ela flui por você, e pense nela indo na direção que você quiser. Lembre que isso vai sempre responder a você.

Ela soltou um suspiro.

— Se ficar me lembrando mais um pouco disso, meu cérebro vai pifar. Podemos por favor parar por hoje?

Azriel a analisou e depois disse:

— Como seu treinador, eu deveria dizer não.

Gwyn ergueu os olhos, quase suplicantes.

— Por favor...

— Mas não consigo dizer não a você.

Um sorriso se formou no seu rosto e ela ficou de pontas de pés para deixar um selinho nos lábios dele.

— Que sorte a minha.

A risada leve e baixa de Az percorreu o espaço entre eles antes que o encantador a beijasse de novo, a levando para um pouco mais perto dele dessa vez. E quando se afastou, a expressão tinha mudado, havia uma animação nos olhos castanhos, uma que raramente via. Ela semicerrou os olhos e perguntou antes mesmo dele dizer algo:

— Que cara é essa?

O sorriso no rosto dele se alargou quando deu de ombros e a apertando com os braços em volta de sua cintura.

— Nada... Na verdade, tinha um lugar onde ia levar você como recompensa pelo treino, mas como já acabou...

— Ah, não, você não pode fazer isso. Não pode usar a minha curiosidade para me fazer continuar treinando.

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora