CAPÍTULO 51

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Havia um mapa sobre a mesa do escritório, havia livros antigos espalhados, todos com pedaços de lendas que citavam Narben, havia todos novamente ocupando o cômodo, Azriel encostado na poltrona em que estava sentada. E havia Elain, parecendo um pouco mais pálida que no dia anterior e respirando em perfeitos intervalos de tempo, olhando concentrada para o mapa a sua frente.

A Archeron já estava ali quando ela chegou, com um olhar um pouco cansado apesar de ter um sorriso gentil no rosto, Gwyn só tinha notado aquilo porque conseguia reconhecer muito bem quando alguém passava a noite em claro e fingia que não, sabia que Elain tinha concordado em fazer aquilo, mas só podia imaginar o quanto a decisão remexeu em coisas dentro dela ou o quanto de força de vontade ela tinha que exercer para estar ali.

Ninguém estava falando, todos deixando que ela se concentrasse, mas de repente o rosto dela se virou em direção a porta e todos acompanharam o olhar dela, estranhando momentaneamente porque não havia nada ali, no entanto, um segundo depois ouviram os passos tão leves que se não estivessem atentos não teriam escutado e outro instante depois Lucien surgiu à porta.

O Grão-Feérico de cabelos vermelhos, vestido elegantemente como de costume parou e Gwyn quando os olhos dele se detiveram em Elain antes que desviasse para os outros e ele dissesse:

— Posso sair se não for uma boa hora.

Feyre olhou rapidamente para a irmã, que não disse nada, apenas continuou parada e respirando levemente, a Grã-Senhora trocou um olhar rápido com o parceiro e disse:

— Não, pode ficar, Lucien. Entre, sente-se.

O emissário fez um gesto com a cabeça e entrou no cômodo, mas em vez de se sentar em algum lugar, caminhou para onde tinha ficado no dia anterior. Quando ele passou por ela, a ruiva sorriu em cumprimento e ele devolveu o sorriso, depois a atenção saiu dela e foi para Azriel, que ela viu abrir e fechar as mãos, ele só fazia aquilo quando estava desconfortável... Gwyn apenas o olhou, mas desviou quando ouviu a voz de Amren:

— Elain, acha que consegue fazer isso hoje, precisa de mais tempo?

— Eu...

— Não seria melhor tentar fazer isso com pedras e ossos? — Feyre sugeriu — Poderia ajudar.

— Não — a resposta veio firme — Eu consigo fazer isso, só preciso de um pouco de tempo, mas consigo.

Nestha abriu um leve sorriso para a irmã e Feyre assentiu, ambas a apoiando. Amren falou:

— Ótimo, menina, lembre-se que pode ver o que quiser e que esse poder é seu para que use como quiser.

Elain só assentiu e mesmo que parecesse que estava focando nos livros dispostos à sua frente, Gwyn viu quando o olhar dela subiu um pouco, parando por um segundo em Lucien, no lado oposto da sala, encostado contra a parede, mas estrategicamente de frente para ela, mesmo que a alguns metros de distância.

Bom... Ela não sabia o suficiente o que havia entre os parceiros, mas estava claro que os dois estavam ligados um ao outro ao ponto de saberem onde cada um estava de forma instintiva. Mas, aquilo não era assunto seu e definitivamente não deveria se meter.

O silêncio recaiu de novo, e dessa vez, os olhos castanhos de Elain estavam completamente focados nos livros à sua frente. O relógio na parede passava devagar, os ponteiros se arrastavam e o barulho que fazia marcava um ritmo baixo... Até que Elain respirou mais profundamente e as mãos dela ficaram sobre a página de um livro, o qual tinha uma representação desenhada da espada.

Um segundo depois, foi como se a temperatura da sala baixasse, não foi só impressão, a respiração de Elain ondulou na frente dela quando a soltou. A luz em suas veias agitou-se como se sentisse, era uma sensação pulsante e emanava da Clarividente, como uma aura luminosa.

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora