CAPÍTULO 12

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A sacerdotisa estava entre as milhares estantes de livros, indo em direção a escada que levava até o quinto nível, nunca tinha tido nenhum problema com a escuridão lá embaixo, exceto quando encontrou Nestha naquele dia a tantos meses, havia sentido a presença fria e curiosa, como um gato atento e querendo brincar.

Mas Nes havia lhe dito que aquela escuridão era o coração da Casa do Vento e se aquilo era parte da Casa, uma coisa a qual Nestha tinha dado vida, então era bom e tinha um ótimo gosto para livros, ela sorriu com o pensamento.

Mas ainda assim, sabia que havia outra coisa ali, o sétimo nível podia ser onde ficava o coração da Casa do Vento, mas também algo a mais, algo antigo e que lhe causava arrepios. De fato, os pelos de sua nuca se arrepiaram.

E seu olhar desceu até o poço de escuridão a baixo e pareceu que ela encarou de volta, era como se pudesse sentir o olhar atento e divertido daquilo sob a pele, como se soubesse que seus pensamentos estavam nele. Com certeza não era o tipo de presença que a casa passava.

O arrepio desceu pela sua espinha, fazendo com que sentisse um calafrio quando a presença pareceu ficar mais forte, parecendo se aproximar aos poucos, podia jurar que a escuridão remexia-se lentamente. Seu coração começou a bater mais forte, suas mãos começaram a formigar e a se aquecer...

— Gwyn.

Ela deu um pulo e se virou para ver Nestha e Emerie no meio do corredor, aquela sensação recuou, deixando ela apenas com o batimento cardíaco acelerado.

— Aí está você... — Emes parou no meio da frase.

Elas tinham sentido. O coração dela, antes acelerado, parou por um milésimo de segundo. As duas entraram instintivamente em uma posição defensiva. Nes analisou cada parte do lugar antes de perguntar, o tom baixo e um tanto cauteloso:

— O que aconteceu?

A ruiva engoliu em seco, olhando de novo para a escuridão, esperando qualquer coisa, mas o que quer fosse tinha ido embora e aquela coisa tinha sumido completamente, voltando para onde quer que ficasse. Só tinha vazio. Graças a Mãe. Ela balançou a cabeça e respondeu:

— Não sei. Era só como se tivesse alguém... algo — corrigiu — observando.

Emerie franziu o cenho, se esticando para ver o que havia abaixo.

— Lá embaixo não é o coração da Casa?

Nes assentiu.

— Sim, mas também deve ter outra coisa. Dizem que parte do que Bryaxis era, é, não sei, enfim, dizem que parte da essência dele ficou ali.

— Bryaxis, o próprio medo?

O sangue da jovem congelou em suas veias, faria sentido se fosse mesmo aquilo.

— É exatamente isso que ele é. — Nestha afirmou.

Emes empalideceu um pouco. Ela já tinha sentido também, há meses atrás, Gwyn não sabia se tinha sido a mesma coisa, mas Emerie tinha noção do que era aquilo. Mesmo Nestha estremeceu.

— Saber que ele está vagando por aí não é algo tranquilizador, mas nunca mais quero chegar perto daquela coisa.

Emes engoliu seco, e Gwyn repetiu o gesto. Sim, Nes já tinha visto o que Bryaxis era capaz de fazer, a criatura tinha estado no campo de guerra e tinha sido um dos motivos pelos quais não tinham todos morrido, mas antes disso, Bryaxis — e Rhysand — tinha matado os corvos de Hyrben, ela sentiu a bile subir pela garganta quando a lembrança surgiu.

Tinha ficado apavorada, congelado. Na ocasião — por acaso ou sorte, ela não sabia — estava no seu quarto, ela tinha ouvido os gritos e paralisado. Ainda não sabia quanto tempo tinha passado encostada no canto da parede, ainda não sabia por quanto tempo tinha gritado, se tinha gritado, provavelmente sim porque quando voltou a si sua garganta estava quase em chamas.

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora