Três dias depois do ataque a Primaveril, Gwyn se viu junto aos outros membros da Corte na biblioteca da Casa do Vento.
Os olhares de todos estavam meio sombrios, preocupados. Depois do ataque à corte de Tamlin, todos os territórios haviam reforçado suas fronteiras, posto mais patrulhas, passaram a unir fragmentos dos exércitos. Se a guerra era uma ideia iminente antes, era uma realidade presente naquele instante.
E, um dos principais motivos de estarem reunidos ali era Eris Vanssera. Depois de semanas em silêncio, ele havia deixado um bilhete para Lucien entregar a Rhys. Apenas um papel pequeno e retangular, rabiscando com três sentenças simples e perigosas e nada mais. Gwyn olhou para o pequeno pedaço de papel, a letra cursiva, releu o que estava escrito:
A Valquíria estava com uma sensação ruim sobre aquilo. A primeira frase era um claro aviso para reunir os exércitos e, realmente, deveriam fazer isso. Azriel tinha entrado em contato com seus espiões e todos relataram que as fortalezas estavam agitadas. Navios eram carregados nos portos e carruagens sendo aprontadas em terra.
Iriam atacar e, ao que parecia, não poupariam um único batalhão. Investiriam sobre o território com força e por todos os lados. Não queriam uma guerra, queriam um massacre. Rápido e completamente desastroso.
Cassian deu sinal para que os Illyrianos ficassem prontos para marcha — e voar — para o campo de batalha a qualquer instante. Os Precursores da Escuridão, por ordem dos Grãos-Senhores, também estavam a postos. As Valquírias tinham batido continência a Nestha e tinham espadas embainhadas, apenas esperando para serem sacadas.
Gwyn não iria mentir, estava nervosa. Tinha ficado receosa de como as outras guerreiras reagiriam após verem Aliza, mas elas apenas pareceram mais determinadas a lutar. Por elas mesmas, pelas fêmeas na biblioteca e para que outras não tivessem que acabar ali.
E, mesmo assim, a sacerdotisa ainda estava inquieta. Era uma guerra, de verdade, não um treino. Haveria pessoas morrendo por todos os lados e sabia que elas iriam arriscar o próprio pescoço. Apesar de saber que era assim que funcionava, que todas eram guerreiras e tinham escolhido aquilo, se perguntava quantas delas voltariam.
Ela realmente se sentia mal. Mal ao ponto de sentir aquilo se infiltrar em seus ossos...
A guerreira afastou os questionamentos, tentou ignorar a sensação ruim que começava a se arrastar por seu corpo. O gosto ruim que tomou sua boca. Ela se concentrou na voz da sua Grã-Senhora e de Mor, falando sobre os exércitos das outras Cortes e Vallaham, a localização deles e sugestões de divisão, para que pudessem conter os ataques simultâneos que viriam.
Ela estava prestes a abrir a boca para falar que deveriam espalhar pequenos batalhões ao redor da costa do continente com armas de longo alcance para conter ataques marinhos quando sentiu um estremecimento em seu corpo, sua visão ficou turva e ela se apoiou na mesa cheia de mapas.
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𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠
FanfictionSorrir não é o mesmo que estar bem. Não falar não significa não ter nada a dizer. Azriel sempre guardou para si tudo o que sentia. Suas cicatrizes são muito mais profundas que aquelas em suas mãos, seu passado ainda paira sobre ele como um fantasma...