Ele deveria estar pagando por algum pecado horrível. Ou simplesmente as coisas estavam saindo totalmente do controle. Ou ele não tinha pensado direito ao traçar a rota, ou errado o cálculo do tempo.
De qualquer forma, o navio que vinha de Hyrben estava quase dois dias adiantado e isso era ruim. Porque significava que seus espiões não estavam onde deveriam estar. E se não parassem aquela droga naquele dia, iriam ter menos tempo que já tinham.
Um navio não podia sumir do nada, então Az tinha analisado a rota, eles haviam pego a do sul, passando pelas terras humanas, longe das vigilância continentais de Prythian — um caminho mais longo, mas com certeza menos arriscado. Ou era o que pensavam.
Uma viagem de quase cinco semanas naquela embarcação, com possibilidade de atraso se interceptassem o navio na metade — longe demais do seu próprio continente e longe demais do seu destino — assim teriam bastante tempo até que percebessem que algo tinha dado errado, mais tempo ainda até que fizessem uma busca.
Além de que, não haveria como usarem isso como algo a ser retaliado, o mar não era um território de nenhum deles, não haveria provas para quem apontasse, até porque acidentes acontecem. Por exemplo: Um navio solitário pegando uma rota remota e perigosa, muito perto de uma baía rochosa, com a grande possibilidade de bater nela e explodir devido a carga que carregava, a afundando, e junto com ela os seus navegantes. Sem sobreviventes. Um acidente. Uma tragédia.
Ele pensou que teria mais dois dias para fazer aquilo, mas estavam adiantados e não teria como interceptar a embarcação e a primeira vista fazer de fato parecer um acidente se eles passassem da rota. Azriel sabia que era uma tripulação pequena, dois comandantes, cinco soldados e mais três, provavelmente em treinamento para fazer o trabalho pesado.
Passou a manhã inteira observando de longe, vendo, ouvindo por suas sombras — não consumava usar tanto aquela faceta do seu dom, não quando o alcance da visão e da voz estava tão longe, já que isso as cansava, o cansava, mas era necessário — ele sabia que poderia lidar fácil com oito soldados, precisaria de quatro minutos. Era o tempo mais que necessário.
O problema eram os comandantes, tinham um poder considerável — o suficiente para que pudesse sentir — pela forma como se portavam, estavam acostumados com poder, bem treinados e provavelmente alguns séculos de vida a mais que ele.
E ele, apesar dos sete sifões e do treinamento, teria que pensar muito em como fazer aquilo, causar uma pequena explosão não era uma opção, por menor que fosse, por mais que ele canalizadas a energia e a direcionasse, não podia arriscar, a embarcação poderia não aguentar, a carga que tinha nela poderia se tornar mortal. E ele até queria que aquilo fosse pelos ares, mas não antes de saber tudo havia ali. Então, não era um risco correr.
Como teria o elemento surpresa a seu favor, poderia chegar e matar um dos comandantes, causar alvoroço e temor o suficiente por fazer aquilo rápido e o choque faria com que ganhasse ao menos cinco segundos de vantagem. Cinco segundos, era o tempo para matar mais três. Atravessar, golpear. Atravessar, golpear. Atravessar, golpear.
Seria fácil, exceto pelo fato que cinco segundos também seria tempo para o outro comandante atravessar para longe, tinha poder o suficiente para aquilo. E de que ele queria os dois vivos, melhor para obter as informações, separar o que era verdade e mentira.
Azriel pensou um pouco mais, deixar os comandantes inconscientes, partir pros soldados. Quatro deles mortos, um para fazer perguntas. Cinco segundos para apagar os outros três. Rápido o suficiente para não haver complicações.
Depois ele deixaria o navio seguir para o aglomerado de rochas e se certificaria de que não sobrasse nada além do pedaços flutuando na água. Antes mandaria que pegassem um pouco do que quer que tivesse naquele barco.
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𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠
ФанфикSorrir não é o mesmo que estar bem. Não falar não significa não ter nada a dizer. Azriel sempre guardou para si tudo o que sentia. Suas cicatrizes são muito mais profundas que aquelas em suas mãos, seu passado ainda paira sobre ele como um fantasma...