CAPÍTULO 30

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Naquele momento, Gwyn estava jogada na cama de seu dormitório na biblioteca, olhando para o teto, a luz que vinha da janela encantada dançando pelas paredes.

A ruiva levantou e olhou para além do encantamento mais uma vez se perguntando quando iria lá, com medo de alguma parte sua descobrir que nunca teria coragem o suficiente para ir além do que já ia, de não ter coragem de fazer mais do que estava fazendo.

A sacerdotisa balançou a cabeça, afastando os pensamentos. Um passo de cada vez. O problema é que vinha dando passos a dois anos e ainda não sabia até exatamente onde aquilo iria levar. Ela repetiu o movimento anterior com mais força, como se aquilo pudesse afastar os questionamentos da mente.

A ruiva abriu a porta do quarto para subir até a Casa, teria que fazer isso de todo o jeito, já que sabia que se não subisse aquelas escadas e fosse até Emes e Nes as duas viriam a caçar fazendo a maior baderna.

Desde ontem, após o treino e daquela luta que havia tido com Azriel, na qual ele havia deixado que usasse Reveladora da Verdade, as três tinham uma conversa pendente, não a tiveram na noite anterior, porque Nestha e Cassian haviam saído e Emerie havia ido para Refúgio do Vento para manter sua loja em ordem.

Por um milagre da Mãe elas tinham conseguido se controlar no treino daquela manhã — tinham feitos as insinuações, claro, mas para os padrões tinham agido no limite da normalidade — talvez isso envolvesse o fato de que mal tiveram tempo para respirar entre os exercícios e práticas de combate em formação.

E também porque agora, não se dava mais o trabalho de negar veementemente. Não havia negado de forma alguma, apenas ficava quieta ou revirava os olhos. Principalmente depois do que tinha acontecido na noite anterior, ela só tinha dormido poucas horas antes de ter que se levantar, que foi quando sua pele esfriou e ela conseguiu se deitar sobre sua cama sem pensar em Azriel ou que estavam os dois sozinhos naquela casa, a poucos quartos de distância.

Ela balançou a cabeça, aquilo não diria para as duas nem em situação de vida ou morte, mas... sobre aqueles sentimentos? Os que há um bom tempo vinham tomando conta dela? Desses não iria escapar, sabia que teria que falar, querendo ou não. E, sendo sincera, queria. Manter aquilo tudo em segredo a estava quase enlouquecendo.

Deuses, manter as duas sob controle depois que admitisse seria muito mais complicado do que explicar a situação. A ruiva soltou um suspiro e saiu do quarto, andando todo o caminho até as escadas e depois as subindo para poder chegar até a área da Casa. Era por isso que Nestha havia lhe dado um quarto, subir e descer e percorrer toda a distância dos corredores era cansativo.

Gwyn mal tinha colocado os pés no corredor quando o cheiro de chocolate a atingiu, não era novidade — para a eterna dor de cabeça de Cassian como bom treinador, elas eram obcecadas, e não tinha vergonha alguma de admitir que entre as três era a pior — só que o cheiro estava particularmente tentador. Quando chegou na porta da biblioteca particular as duas já estavam com os braços ao redor dos ombros dela a única coisa que fez foi rir.

— Oi para vocês tamb... — ela parou quando viu as bandejinhas com trufas — Isso é para me comprar, obrigar a falar, seduzir ou qualquer coisa do tipo?

Emerie riu e praticamente enfiou uma trufa na sua boca. Muitíssimo delicada. Não que Gwyn tenha reclamado quando o sabor explodiu na sua boca. Chocolate meio amargo com calda caramelo, seu preferido.

— É sim — Nestha respondeu — Está funcionando?

— Ahh, com certeza — disse mesmo que estivesse com a boca cheia.

Emerie abriu um sorrisinho.

— É bem fácil seduzir você então. Nes, lembre de dizer isso a Az.

Ela quase engasgou. Não deveria estar surpresa. Não mesmo. Nestha apenas riu, ela tentou sair do aperto das duas enquanto dizia:

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora