CAPÍTULO 49

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Tudo nele se resumia ao instinto de puxar Gwyn para si e proteger. Suas sombras ficaram tão densas a sua volta que quase se solidificaram e no segundo seguinte, estava chegando ao limite, névoa negra por toda a sala, ondulando junto ao som da sua voz.

Az não se importou por nenhum segundo em ter acabado de gritar com alguém que tecnicamente possuía uma posição acima da sua, só — ainda envolto nas sombras — deu um passo à frente e trouxe Gwyn para trás dele, suas sombras ainda formando um tipo de escudo ao redor dela.

O grito que havia dado parou de ecoar, assim como a fumaça escura se dissipou, suas sombras voltando a montar guarda sobre seus ombros e só nesse momento ele notou que Rhys tinha se colocado em frente a Feyre que havia se levantando, Mor tinha se levantado também, os olhos correndo pela sala, totalmente em alerta, Emerie estava olhando de um para o outro, os sifões roxos brilhando, Cass estava a um segundo de pular de onde estava sentado, os sifões emitindo um brilho fraco. Todos meios pálidos, exceto por Nestha, que tinha se posto de pé e tinha assumido aquela imobilidade imperturbável.

O encantador de sombras não se importou de verdade com a expressão de nenhum deles, com o que tinha acabado de fazer, sua mão estava na de Gwyn, ela estava bem ao seu lado, era isso que importava. E nem que o inferno caísse sobre a terra deixaria que Amren falasse daquele jeito com ela. Azriel encarou a Imediata e viu o rosto mais branco que o normal, ótimo.

Pelo canto do olho viu Nestha arrumar mais a postura e assim que suas sombra tinham voltado completamente para ele, ela disse:

— Az tem razão, já chega, Amren. O showzinho acabou, saia.

— O que disse?

— Eu disse: saia. É minha casa e ninguém fala assim com minha irmã, então por nossa amizade, saia. Agora.

Azriel sentiu mais que viu Gwyn quase se encolher, sabia que não gostava daquele tipo de conflito, sabia que a mente deveria estar uma confusão agora. Juraria que podia ouvir perfeitamente o coração batendo freneticamente no peito pelo medo.

Rhys ergueu as mãos, como se para pedir que se acalmassem, mas ele estava calmo e contanto que Amren não dirigisse nenhuma palavra a Gwynie a não ser que fosse um pedido de desculpas, permaneceria calmo. O Grão-Senhor falou:

— Eles têm razão, chega por hoje, isso foi longe demais, vamos... Dar um tempo e quanto todos nós conseguirmos dá um jeito de entender tudo isso, voltamos a conversar. Feyre querida, leve Amren com você.

A Grã-Senhora passou o olhar pela sala, como se estivesse os analisando, calculando as chances de as coisas acabarem saindo do controle e deve ter decidido que era melhor levar a Imediata para longe. Mor fez o mesmo que Fey, analisou cada um deles e disse:

— Eu vou junto.

E ninguém falou enquanto as duas quase puxaram Amren para uma das Janelas, dando um salto de lá antes de atravessarem. Rhys voltou a sua atenção para Gwyn e Az instintivamente se colocou mais a frente dela, apertando levemente a mão que estava gélida de forma anormal. Ela não apertou de volta.

Seu irmão o encarou e ele sabia que estava procurando a melhor maneira de começar a falar, Cass pareceu ficar mais atento, como se estivesse se preparando no caso de precisar se colocar entre eles, mas antes que Rhysand pudesse falar alguma coisa, Emes e Nes se colocaram cada uma ao lado de Gwyn e o mestre espião só ouviu um baixo "vem" de Nestha, antes de sentir a mão dela deixar a sua e sem dizer uma palavra e ser levada pelas irmãs.

Az não se virou, mesmo que cada instinto berrasse para ele não deixar Gwyn ir, não soltar a mão dela, mas estava com Emerie e Nestha, então ficaria bem. Rhys ainda alternando o olhar entre ele e a ruiva, ou melhor, pelo caminho que ela tinha seguido e só depois que tinham acabado de virar no corredor, o Grão-Senhor abriu a boca, só que o mestre espião o cortou:

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora