CAPÍTULO 67

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Os últimos dias tinham se passando meio apressados com a rotina, que parecia se tornar cada vez mais pesada, o trabalho, os treinos o esforço que estava fazendo para tentar controlar cada vez mais seu dom, tudo isso sugava seu tempo e energia, tanto que no fim do dia tudo o que queria era deitar na sua cama ao lado de Az e dormir, se bem que em alguns desses tinham feito mais do apenas deitar e dormir.

Ela e Azriel também haviam conversado bastante nesse meio tempo, sobre a guerra, sobre seus dons, sobre suas preocupações. Quando questionou sobre o que Amren havia dito sobre ele e o Entalhador, Azriel havia ficado um pouco tenso, ela só tinha se acomodado melhor nos braços dele — já que no momento em que ela tinha feito a pergunta o único tecido que existia sobre eles era o lençol — e esperado que ele falasse.

Azriel tinha passado a correr os dedos pelo seu braço e lhe contou sobre a vez que tinha encontrado o próprio Entalhador, as coisas que ele lhe disse, sobre ter sido "abençoado" por alguém que ele se referia como Ela e que agora o Illyriano supunha ser a morte. Gwyn tinha sentido um arrepio na espinha, não pelo o que Az havia dito e pelo o que era, mas por toda a situação. Todas as peças que encaixavam perfeitamente nos lugares certos. Talvez Amren tivesse razão nos fins das contas, por mais doloroso que fosse admitir, talvez cada maldita coisa que tinha acontecido na vida de cada um deles tenha sido para que chegassem até ali.

Além de tudo isso, haviam os momentos em que tentava deixar a luz sair dela e até tinha conseguido, duas ou três vezes aquilo tinha brilhado por entre seus dedos e até entrado num tipo de dança com as sombras de Az e seu coração acelerava todas as vezes, mas não durava muito. Ela até conseguia invocar a luz, mas mantê-la e de fato controlá-la era outra história. Nestha e Emerie tentaram ajudar também, ela havia conseguido fazer isso junto delas duas vezes, mas a faísca de luz que se apagou mais rápido do que pretendia. O Illyriano dizia que era porque ela ainda tinha medo e apesar de ser teimosa demais para admitir com todas as palavras, sabia que ele estava certo.

Mas, naquele exato momento o cansaço não importava e não estava pensando em nada daquilo, ela estava junto a Emes e Nes, já tinham adiado demais aquele assunto, tinham que falar com as Valquírias, porque se fossem de fato ao campo de batalha precisavam está ciente disso, mentalmente preparadas, não dava para ser uma decisão tomada de última hora.

As três ficaram de frente para as outras quinze fêmeas, Cassian e Azriel mais atrás, apenas presenças sólidas, seriam elas a fazer aquilo. As Valquírias à sua frente esperaram, meio desconfiadas mas impassíveis. Gwyn puxou a respiração sutilmente e prendeu o fôlego, poderia jurar que suas irmãs haviam feito o mesmo, as três se entreolharam mais uma vez e Nestha fez um leve aceno com a cabeça, concordando com o acordo silencioso de começar a falar.

— Sei que pode ser um pouco inquietante uma convocação desse tipo, então, me desculpem pela forma que vou dizer isso, mas indo direto ao ponto: há uma possível guerra batendo em nossa porta. — Gwyn as viu basicamente parar de respirar, ficarem imóveis no lugar — E isso é assustador, eu sei, acreditem quando digo que a ideia também é apavorante para mim, — a ruiva olhou para Nes, assim como Emes, sabiam muito bem como Nestha se sentia ao se mostrar vulnerável, admitir que estava assustada era provavelmente uma das coisas mais difíceis para sua irmã, mas ali estava ela. Gwyn esperava que ela soubesse o quanto de coragem aquilo requeria — da última vez, perdi muito, quase perdi tudo. E sei que vocês entendem o que é isso, sei que entendem o luto, a perda, a dor, o medo. A raiva. E sei que estão que estão aqui para se fortalecerem, sei que estão se curando, assim como eu estou, — Gwyn de canto de olho viu Cass respirar fundo, viu o encorajamento e o orgulho nos olhos do General enquanto observava Nes — como minhas irmãs estão e talvez seja egoísta da nossa parte, mas nós ainda não temos certeza contra o que estamos lutando, o tamanho daquilo que vamos enfrentar, por isso vamos precisar de toda a força que conseguirmos, então queremos perguntar a vocês se haveria alguma chance de se juntarem a nós.

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora