Azriel não sabia o que estava fazendo até que se viu no vilarejo no meio das montanhas, ele mal tinha se dado conta disso quando a porta se abriu e viu o sorriso no rosto da sua mãe sumir e antes mesmo que ela perguntasse o que havia acontecido, ele desviou o olhar para o chão e disse, a voz baixa:
— Estraguei tudo.
A Illyriana respirou fundo e soltou um suspiro, abriu mais a porta e simplesmente disse:
— Entre.
Ele entrou e se jogou no sofá e olhando para as mãos, vendo as cicatrizes e o sangue nos nós do dedos da direita que haviam começado a secar, sua mãe se sentou ao seu lado, ela pegou a mão que estava machucada e tocou com cuidado e Az só conseguiu lembrar do momento em que ela havia feito isso da primeira vez e o engraçado era que estava se sentindo de uma forma muito parecida.
— Acho que é agora que você me diz o que aconteceu e o que está se passando aí dentro.
Azriel respirou profundamente tentando não se lembrar das vezes que Gwyn pediu para que ele fizesse o mesmo, das vezes em que ela conseguiu simplesmente atravessar cada barreira e o fez colocar para fora tudo o que o estava sufocando por dentro. Naquele instante ele estava se sentindo sufocado, tanto que quando abriu a boca ele só começou a falar e falar tudo rápido e sem pausa, porque sentia que se não o fizesse iria explodir.
Então, disse tudo: sobre Elain, o solstício, Rhys, o colar e Gwyn, a promessa que tinha feito a ela e que tinha quebrado, ele falou até ter que parar para poder recuperar o fôlego e quando conseguiu fazer isso disse:
— E agora não sei o que vou fazer. Não sei, mãe.
A fêmea a sua frente comprimiu os lábios e uma parte dele quase quis que ela gritasse o quanto tinha sido estúpido. Porque tinha sido mesmo. Mas em vez disso ela falou:
— Você se meteu numa grande confusão.
Ele baixou a cabeça e murmurou:
— Acho que eu sou a confusão.
Sua mãe ergueu seu queixo de novo e lhe deu um sorriso triste.
— Não, querido, você só estava confuso, mas depois de tudo o que me disse? Não está mais. Cometeu um erro, Azriel, um erro que envolve os sentimentos de outros e isso o torna grave, mas não é nada que não possa ser consertado.
— E o que eu faço? Como conserto isso?
Amélia soltou um suspiro e disse:
— Primeiro resolva as coisas que deveriam estar acabadas a muito tempo, não conheço Elain e apesar de achar que ela não fez o certo falando tudo daquela forma, você também errou com ela.
Seus ombros caíram e a vergonha pesou sobre eles, era a mais pura verdade, tinha agido como um grande idiota e, admitia que no momento estava com raiva, mas... A culpa era dele, deveria ter colocado um ponto final e sido sincero, não ficado adiando. Tudo aquilo teria sido evitado se ele tivesse tido um pouco de coragem para deixar tudo esclarecido.
— Eu sei... Mas e Gwyn? Acho que ela me odeia agora e tem razões para isso.
Sua mãe riu.
— Não, Az, ela não o odeia. Gwyn está com raiva, tem razão de estar porque ela é a mais afetada nisso tudo e mais do que ninguém você devia sinceridade a ela, tinha feito uma promessa a ela.
— Eu sei e... Eu não queria, eu não queria ter mentido mas... Não conseguia pensar em como seria magoar ela, nem a perder e — ele abriu um sorriso amargo — olhe só o que eu fiz.
— Cometeu um erro, um grande erro, mas ela não o odeia. Gwyn ama você, Az, da mesma forma que você ama ela.
Aquele mesmo nó ressurgiu em sua garganta e ele desviou os olhos para o próprio pulso e observou a pulseira trançada ali, se lembrou do momento que ela havia feito, o pedido que tinha feito e só torceu para que não fosse tarde demais para que ele se realizasse, mas se lembrou também do que ela tinha dito e...
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𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠
FanfictionSorrir não é o mesmo que estar bem. Não falar não significa não ter nada a dizer. Azriel sempre guardou para si tudo o que sentia. Suas cicatrizes são muito mais profundas que aquelas em suas mãos, seu passado ainda paira sobre ele como um fantasma...