CAPÍTULO 28

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Gwyn não tinha dormido bem. Quase não tinha dormido.

Havia fechado a porta na noite passada e ficado escorada nela por pelo menos uns cinco minutos, com a mão sobre o coração sentindo cada batida forte e mordendo o lábios inferior, tentando parar o sorriso em seu rosto. Tentando conter aquela coisa. E Deuses... Ela não tinha conseguido.

Parou de tentar quando se deitou e se enrolou nas cobertas, e ficou como uma idiota repassando cada momento em um ciclo infinito. O momento em que os braços dele estavam em volta do seu corpo ou quando estavam tão próximos que podia sentir a respiração dele aquecer seu rosto. Ou quando ele gargalhou.

E, céus, ele tinha falado dela para a mãe dele, aquilo... Significava algo, certo? Az podia ter simplesmente comentado, mas ainda assim... E ela queria a conhecer. Queria a conhecer. Gwyn quase tinha ficado sem ar quando ele disse aquilo. De um jeito bom.

E quando ele olhou para ela daquele jeito e quando começou a cantar... Pela Mãe.

Az tinha cantado para ela e só para ela. E que a Mãe e todos os Deuses a amaldiçoassem de uma vez se aquilo não tivesse feito o seu coração errar o compasso.

A voz do encantador de sombras soou em sua mente:

Somos só nós?

Sim, somos só nós.

Tinha sido o que ela respondeu porque era verdade, eram só eles. Ela queria que fosse só eles. Queria que fosse só ele. E estava perdida, completamente perdida.

Gwyn sabia que adorava Azriel, sabia que ele era importante, mesmo que tivesse tentado dizer a si mesma que não passava de uma amizade. De tentar se convencer daquilo porque era mais fácil. Só que as coisas nunca são fáceis. E também não gostava de coisas fáceis. Mesmo que uma parte sua ainda lhe dissesse:

"Não faça isso. Sabe que não pode fazer isso"

E que ainda houvesse outras coisas para colocar em ordem dentro de si mesma e de tudo, tudo, que dizia para não ir adiante, para deixar tudo como estava, não tinha como fazer isso. Não que soubesse o que fazer dali para frente, ou como agiria, mas parar de fingir que não sentia nada parecia uma boa ideia. Sinceramente, duvidava que desse para esconder de verdade alguma coisa.

Céus, Emerie e Nestha iriam ter um surto e ela teria que aguentar as duas no seu pé, só esperava que suas irmãs não... exagerassem. E a ruiva quase riu do pensamento, porque era idiotice ter aquela esperança. Mas, com calma. Gwyn se lembrou, deixaria que seguisse o rumo natural e... O que quer que tivesse que acontecer, se aquilo era realmente recíproco, então os levaria a algum lugar. Se não... Az ainda seria seu amigo. Certo? Esperava que sim.

Ela levou a mão até o pescoço inconscientemente, só se deu conta quando não sentiu a corrente de ouro ali e se lembrou que o colar estava no dormitório da biblioteca que depois de tudo não tinha voltado para buscar. E nem tinha tempo, já estava atrasada, depois do que pareceram semanas — nunca tinha visto uma noite demorar tanto para passar — ela se levantou da cama para trocar o vestido, que também não tinha tirado, pelo couro Illyriano.

Gwyn amarrou o cabelo em um rabo de cavalo alto, fazendo uma nota mental para se lembrar de cortá-lo ao menos um pouco depois. Ia sair do quarto quando uma bandeja com café da manhã surgiu na pequena mesa que ficava no canto. O jeito da Casa de dar bom dia e dizer que Emes e Nestha já tinham ido para o ringue. As traidoras sequer a tinham esperado.

A ruiva comeu às pressas e foi para o treino. Esperando que, ao menos hoje, um Illyriano cercado por sombras estivesse no ringue.

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𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora