O mestre espião estava observando o castelo da Rainha mais velha, Edny, mesmo que Rhysand tivesse dito para não o fazer, depois de dois desde aquela conversa com o irmão no escritório - a qual tinha lhe tirado boas horas de sono, mas aquela questão não era importante no momento - porque Mor ainda não tinha retornado e ele estava cansado de observar as terras de Bryallyn, aquilo era apenas perda de tempo.
Então, mesmo sabendo que estava indo contra as ordens de seus Grão-Senhores e que Feyre provavelmente se irritaria, mandou que dois dos seus espiões cercassem as outras propriedades. Ele mesmo tinha feito uma rápida visita às outras outras propriedades, todas estavam aparentemente calmas, mas sabia que era só questão de tempo até que algo surgisse. Toda aquela falta de movimento era como a calmaria antes da tempestade, a qual ele sabia, sentia, que estava se aproximando.
E, de fato, o pensamento mal tinha terminado de soar em sua mente quando suas sombras sussurraram ao seu ouvido, algo tinha mudado, uma movimentação fora do comum. O Illyriano levantou vôo no mesmo instante, atravessando direto para cima de onde vinha a sensação - tão alto que para os humanos não passaria de nada mais que um pássaro grande - mas era baixo o suficiente para que enxergasse com clareza duas carruagens grandes indo em direção a fortaleza.
Sua parte impulsiva que estava quase desesperada por o mínimo de informação gritou: se aproxime, veja o que é. Seu lado sensato disse: Fique onde está, não arrisque agora, espere mais informações. Ele sempre havia dado ouvido a razão e não faria diferente agora, então continuou onde estava, acompanhando de longe.
Ele ordenou que uma das sombras cercasse as carruagens, um truque discreto, não haveria chances de ser descoberto, mesmo que tivesse algum tipo de feitiço sobre elas - uma das maiores vantagens de seu dom, era quase ser impossível ser detectado, porque não era magia, não era um fio que podia ser sentido como a maioria dos poderes, era só um dom, algo tão enraizado nele que era tão vital quanto seus pulmões ou cérebro - as sombras cercaram o veículo e Az se concentrou, haviam seis machos... homens em cada uma.
Aquela informação foi o suficiente para um alarme soar em sua cabeça e fazer com que mil perguntas e hipóteses surgissem de uma vez só. O mestre espião continuou os seguindo de longe, não havia feitiços, nenhuma espécie de proteção e todos dentro das carruagens eram humanos, talvez não fosse nada, talvez fossem apenas nobres vindo de algum lugar no continente - nobres porque de jeito nenhum trabalhadores teriam condições para bancar aquele tipo transportes - a grande questão era: ele não acreditava nem por um segundo naquilo, todos os seus instintos gritavam para que observasse mais, que prestasse atenção.
E foi o que ele fez.
Infelizmente, as carruagens se aproximaram dos portões da fortaleza, os quais se abriram e apesar de querer se aproximar e ver melhor. Ele se obrigou a ficar um pouco atrás, seria imprudente - para não dizer burrice - chegar muito perto das proteções mágicas, mas ele continuou de olho e quando a primeira carruagem parou e um dos homens desceu, Azriel teve quase certeza de que tinham cometido um erro enorme ao se manterem longe por tanto tempo.
Não era só um homem, pelo porte e a forma como se movia era um soldado, um bom soldado, um dos milhares que compunham os exércitos intocados das Rainhas humanas. E se estivesse certo, os outros que ocupavam as carruagens também. Porra.
O problema não era uma dúzia de soldados, mas sim quantas vezes aquele tipo de viagem havia acontecido nos últimos meses, quantos soldados haviam chegado até lá de modo discreto, quantos tinham lá dentro e o que estavam fazendo. Se sua teoria estivesse certa... Puta que pariu, como tinham sido descuidados.
O Illyriano se aproximou um pouco mais, a tempo de ver as carruagens entrando na fortaleza e ter um vislumbre das ruas feitas de pedra cinza e de alguns outros homens armados nelas. Merda. Az não era exatamente religioso, mas fez uma oração à Mãe para que dessa vez estivesse errado.
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𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠
FanfictionSorrir não é o mesmo que estar bem. Não falar não significa não ter nada a dizer. Azriel sempre guardou para si tudo o que sentia. Suas cicatrizes são muito mais profundas que aquelas em suas mãos, seu passado ainda paira sobre ele como um fantasma...