CAPÍTULO 46

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A sacerdotisa tinha acabado de deitar na cama e abrir o livro quando a batida em sua porta soou, de um instante para o outro seu coração estúpido bateu mais forte, porque sabia que era ele. Simplesmente sabia.

Ela se levantou e hesitou apenas por um segundo ao colocar a mão na maçaneta, estava só com uma camisola de seda branca, que tinha o decote oval um pouco mais aberto que seus vestidos habituais, mas tinha um forro de lã e o corte de um vestido simples, sendo acinturado sem ser desconfortável com um caimento leve, então... Era apresentável o suficiente, decidiu.

Gwyn se deu um segundo para respirar fundo e abriu a porta, encontrando o encantador de sombras parado ali, com os fiapos de fumaça negra dando pequenas voltas em torno dele.

— Gwyn... — ele começou e parou, o olhar a percorrendo — Eu... — parou de novo e limpou a garganta.

A ruiva tentou ignorar o arrepio que passou pela sua pele por causa do olhar dele e encostou-se na portada, sorrindo e o incentivando a continuar:

— Você...?

Azriel fechou os olhos por um instante e balançou levemente a cabeça, como se tivesse tentando organizar as ideias, talvez isso não devesse ter feito tão bem ao seu próprio ego, mas fez. Ela mordeu o lábio para não rir e tentou de novo:

— Az?

Ele focou o olhar no seu, parecendo se concentrar e perguntou:

— Tem um minuto?

Tenho o resto da noite e a madrugada inteira, ela quis dizer, enquanto sentia uma agitação se espalhar por seu peito, mas apenas assentiu.

— Tenho.

O encantador de sombras repetiu o gesto com a cabeça, mas para sua surpresa, em vez de só começar a falar, ele estendeu a mão e pegou a sua sem aviso, a fazendo piscar enquanto ele a puxava com delicadeza pelo corredor e ela o seguia ainda atônita ao o ouvir dizer:

— Então, venha aqui.

Sua mão instintivamente segurou a dele assim que a surpresa passou e tudo o que restou foi um coração levemente acelerado, junto a sensação de ter seus dedos entrelaçados.

A ruiva mexeu a cabeça, fazendo seus raciocínio voltar para a ordem natural e questionou, ao ser guiada pelo corredor semi-iluminado:

— Para onde está me levando?

— Para varanda — foi a resposta sussurrada, eles já estavam passando pela sala.

A sacerdotisa franziu o cenho.

— Por quê?

Az olhou por cima do ombro, baixando um pouco a asa para poder vê-la.

— Porque quero conversar com você...

Seu coração deu um pequeno salto dentro do peito e Gwyn só encarou enquanto ele ficava de frente para ela e soltava a sua mão devagar, porque os dois já haviam chegado ao destino.

O vento bagunçou um pouco as mechas onix e Azriel tirou os fios do rosto, ainda sorrindo para ela, e Gwyn se perguntou por que diabos ele tinha que ser tão malditamente bonito.

— Você quer conversar comigo? — perguntou, mais para falar alguma coisa.

— Quero — respondeu simplesmente, mas um segundo depois acrescentou: — Se você não quiser continuar me ignorando.

A ruiva trocou o peso da perna e cruzou os braços ao negar:

— Não estava ignorando você.

— Parecia, e parecia estar irritada comigo também.

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora