Ah, Deuses.
Ela não sabia mais como se mexer e uma parte dela dizia que aquilo era patético, mas não havia muito o que fazer quando se estava a centímetros de distância de Az, quando a mão dele estava entre sua cintura e seu quadril, não quando dava senti a respiração dele em seu rosto. Não quando estava tão perto.
Não dava para se mexer. Ela nem sabia se queria.
Seu coração estava batendo tão forte que podia sentir o eco pelo corpo — não estava acelerado, não, era uma batida rítmica e quase estrondosa, exatamente como um eco, como uma resposta — e isso fez aquela coisa em seu peito se remexer, como se tivesse sido acordada. Mas ela quase não notou, eram coisas que estavam em segundo plano porque estava concentrada demais no rosto de encantador de sombras, que parecia ser a única coisa em foco no momento.
O olhar dela passeou pelo rosto dele, era impossível se impedir de fazer aquilo, de observar cada centímetro, a mecha rebelde que sempre caía sob a testa dele, o arco da sobrancelha, mas Gwyn não foi muito além, seu olhos pararam nos dele e ela se deu conta de que eles não eram só castanhos, estava próxima o suficiente para enxergar os riscos quase dourados e os veios esverdeados deles que se mesclavam com o castanho claro. Ela decidiu que poderia passar um bom tempo os observando. Eram lindos.
Azriel respirou fundo e talvez fosse sua imaginação, mas ela sentiu a pressão em sua cintura aumentar. Suas pálpebras de repente ficaram pesadas, tanto que foi um esforço não fechar os olhos. Uma espécie de entorpecimento tomou conta de seu corpo, mas havia um formigamento também e a temperatura parecia ter aumentado quase uns cinco graus, eram coisas demais, sensações demais, não dava para explicar, mas era bom. Muito.
A mão dele apertou um pouco mais...
— Certo, já chega. Não queremos passar do limite! — Cassian berrou do outro lado do ringue.
Aquilo fez com que ela quase desse um pulo e soltasse o arco. Espere... Estava segurando um arco? Que a Mãe a condenasse. Gwyn e Az deram, cada um, um passo, se afastando, ambos quebrando o contato visual. Mas seu coração ainda estava batendo no mesmo ritmo.
— Por hoje é só. Esfriamento, moças — o general continuou.
Agora, que estava a dois passos de distância de Azriel e que seus sentidos estavam voltando ao normal, Gwyn lembrou que estava basicamente no meio do ringue e com que se desse conta de que tinha pelo menos dezoito pares de olhos em si. Ela resistiu a vontade de fechar os olhos com força. No que estava pensando? Não estava. E a pergunta que deveria se fazer era:
O que foi aquilo?
As outras desviaram o olhar e passaram a fazerem os exercícios finais. Como se nada tivesse acontecido. Ela deveria fazer o mesmo. Não deveria? Gwyn voltou sua atenção para Az, o Illyriano abriu a boca e a fechou, depois limpou a garganta. Ela também não sabia o que dizer, então ficou calada e levou a mão até os cabelos, para colocar uma mecha atrás da orelha, se esquecendo que eles estavam trançados.
Aja naturalmente, Gwyneth Berdara. E faça a droga de seu coração parar de bater desse jeito.
Ela ia falar, não sabia o que, mas ia, só que Azriel também. Os dois começaram e pararam no mesmo instante. Certo, tudo bem, agir naturalmente, como se nada tivesse acontecido, como se não estivesse prestes a... Ela não sabia o que comparar. O treino, se lembrou, tinha que voltar a focar no treino. A ruiva respirou fundo, abriu um pequeno sorriso e disse:
— E então o que achou?
— Aquilo foi bom — ele pigarreou — o tiro, quero dizer, foi muito bom.
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𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠
FanfictionSorrir não é o mesmo que estar bem. Não falar não significa não ter nada a dizer. Azriel sempre guardou para si tudo o que sentia. Suas cicatrizes são muito mais profundas que aquelas em suas mãos, seu passado ainda paira sobre ele como um fantasma...