CAPÍTULO 16

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O sol estava começando a descer a linha do horizonte, e naquele momento tudo o queria era poder sair daquele lugar e voltar para casa. Era uma sensação quase estranha, sempre tinha sentido falta de Velaris e de sua família quando tinha que ficar muito tempo sem voltar — não que fosse o melhor em demonstrar isso, mas não significava que não sentia — mas era estranho porque não tinha ficado sequer um dia longe.

Talvez tivessem sido as notícias do dia, se Hyrben estivesse de fato agindo da forma que ele pensava os problemas iriam triplicar, na melhor das hipóteses. Ou talvez... Talvez fosse porque fazia três dias que não comparecia ao treinamento e... Admitia que sentia falta do treino. Sinceramente, só queria mesmo voltar.

Mas tinha que ter um último encontro, antes de poder ir para casa.

E ela iria começar naquele momento. Se não fosse por suas sombras, admitia que não teria notado, podia não ser um espectro, mas se movia tão sorrateiramente, se não mais, que um. Era por isso que fazia parte de sua equipe.

Um suspiro soou, mais perto do que ela imaginava.

— Ninguém consegue surpreender você, não é?

Az se virou, pronto para dizer que não, mas aquilo não seria verdade. Havia um alguém que tinha conseguido fazer aquilo e esse alguém atendia pelo nome de Gwyneth Berdara. O pensamento soou intruso em sua mente, mas é claro que o mestre espião não disse aquilo, ele apenas deu de ombros e respondeu:

— Uma das vantagens de ser um Encantador de Sombras.

Ela abriu um sorriso.

— Claro — um cumprimento com a cabeça — E há quanto tempo Azriel.

— Olá, Yanka.

A fêmea andou alguns passos em sua direção e depois desviou dele. O illyriano simplesmente continuou onde estava.

— Devo dizer que fiquei surpresa quando Faian veio me procurar, dizendo que você estava me chamando.

Ele colocou as mãos nos bolsos.

— Por que a surpresa?

Uma das sobrancelhas dela se ergueram.

— Porque fazem quase dois anos, talvez?

— Desculpe por não ter escrito?

Yanka soltou uma risada e deu apenas um passo para perto — suas sombras recuaram a proximidade — os olhos verdes encararam os seus quando sua expressão ficou séria.

— Vamos lá, mestre espião, você não gosta de enrolação, eu também não. Por que estou aqui? Por que você precisa de mim? Ou melhor, para quê?

Azriel fez um gesto com a cabeça apontando para o Norte. A espiã a sua frente ficou quieta.

Os dois tinham se conhecido há bastante tempo, ela tinha atravessado do continente para Prythian e tentado encontrar um lugar nas terras da corte noturna, acontece que eles não aceitavam forasteiros, muito menos invasores e foi ele que teve que lidar com a situação, mas ela era corajosa — inconsequente para entrar nas terras da Noturna — mas corajosa e sorrateira, talvez se devesse ao fato de ser uma híbrida, eram seres raros, não eram como metamorfos que assumiam todas as formas, mas tinham duas específicas, a dela por exemplo era uma gata preta e ela se movia com a mesma agilidade e fluidez de um felino.

Na época, ele ofereceu um acordo: se tornava uma das espiãs da corte e vivia naquelas terras como bem entendesse ou era jogada de volta no continente, na melhor das hipóteses, e sabia que estava fugindo de alguma coisa — mesmo que nunca tivesse ficado sabendo do que era — então, aceitar o acordo tinha sido o melhor para ela.

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora