CAPÍTULO 27

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Ela esperou que Az respondesse, fazendo questão de manter um sorriso no rosto e a agir como se cada célula não estivesse vibrando, como se não estivesse trêmula por dentro e como se seus pensamentos não tivessem nada a ver com as mãos dele por toda a parte de seu corpo e a boca dele na sua.

Sem couro ou tecido no caminho.

Talvez devesse dar um tempo daqueles livros, mesmo sabendo que eles não tinham muita coisa a ver com aquilo, o culpado era Azriel. Aquilo era o efeito colateral de ficar com o corpo grudado no dele e ele era... Pela Mãe. Ficar perto demais era o mesmo que pedir para que sua sanidade fosse arrancada.

Az suspirou, chamando sua atenção ao dar de ombros e responder:

— Eu não tenho outra escolha, não é?

Gwyn balançou a cabeça, se forçando a deixar aqueles pensamentos para trás, focando totalmente no fato de que o Encantador de Sombras estava prestes a cantar para ela.

— Você já sabe a resposta.

Ele lhe cedeu um pequeno sorriso ao mesmo tempo que algo parecido com hesitação se passou pelos olhos dele, não... Não era hesitação, era mais vergonha... timidez? Azriel estava com vergonha? Outra pessoa até poderia pensar que aquilo era algo normal, mas quem o conhecesse bem saberia que Az não era tímido, nem vergonhoso, calado e observador, sim, mas tímido e vergonhoso? Não, definitivamente não. Só que naquele exato momento estava e era tão... Fofo. Sabia que ele negaria até a morte se dissesse aquilo e foi por esse motivo, só por implicância, falou:

— Você fica fofo quando está com vergonha, sabia?

Azriel olhou para ela como se não pudesse acreditar no que estava dizendo.

— Fofo?

— Fofo — ela assentiu — Não tinha ouvido da primeira vez?

O Illyriano balançou a cabeça.

— Não sou fofo, Gwyneth Berdara. E não estou com vergonha.

Deuses, o ego masculino... Ela revirou os olhos e, apesar disso, abriu um largo sorriso ao retrucar, porque sim era divertido agir como uma criança teimosa e pilhar Azriel:

— É fofo, sim! Mais ainda quando está negando — ele abriu a boca para protestar, mas ela ergue a mão, uma ordem para que ficasse em silêncio — É, porque estou dizendo que é.

Ele ergueu as sobrancelhas.

— Então, agora é assim? Você diz e é isso, eu não posso opinar?

Gwyn ensaiou um meio sorriso.

— Parece que você entendeu.

Um pequeno sorriso surgiu no rosto de Azriel ao menos tempo que balançava a cabeça de leve. Ela perguntou:

— Se não está com nenhum pouco de vergonha, por que não canta logo?

O Illyriano moveu os ombros e trocou o peso da perna, antes de se sentar contra a mureta da varanda — suas asas se ajustando à posição, se expandindo atrás dele — o olhar um tanto perdido. Ela tinha a sensação de que aquilo ia além do que tinha imaginado, então deu aqueles segundos a ele, para que pensasse e deixasse a memória ir. Ela sabia o que lembranças eram capazes de fazer. Quando Az piscou, voltando ao aqui e agora, respondeu:

— Só nunca fiz isso.

A sacerdotisa franziu o cenho.

— Nunca... cantou?

— Não assim... Não para alguém.

Ela sorriu um pouco, se aproximando alguns passos.

— Então, vou ter a honra de ser a primeira?

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora