CAPÍTULO 62

2.6K 265 48
                                    

Gwyn acordou num salto, o som do coração martelando em seus ouvidos, um calafrio percorrendo sua espinha, a fazendo estremecer. A ruiva respirou fundo e depois fez isso de novo, colocando a mão sobre o peito tentando acalmar o coração galopante.

Não entendia o porquê, só acordava assim depois de pesadelo e... Não tinha um há um tempo. Não tinha tido nenhum sonho naquela noite. A ruiva olhou para a janela e viu o sol subindo a linha do horizonte, estava cedo. Bem cedo.

Sua mão caiu de lado e sentiu o vazio ali, ela piscou e olhou para o lado que naquelas últimas noites, tinha sido ocupado por Azriel. E agora estava vazio, ela demorou um instante para se lembrar que o encantador de sombras estava fora.

Ele não havia lhe dado tantos detalhes, mas pelo o que entendeu, fora espionar alguma fortaleza e se lembrar daquilo fez um gosto ruim surgir em sua boca. Ela mexeu a cabeça de um lado para o outro, tentando limpar os pensamentos. Az estava bem, aquilo era só sua preocupação falando.

Gwyn respirou fundo mais uma vez e saiu da cama, alguns papéis escorregando para o chão. Tinha voltado para a Casa, ainda com todos aqueles livros, sem conseguir parar de pensar no que Merrill havia dito a ela na tarde do dia anterior, sobre seu dom poder ser útil em combate, sobre técnicas Valquirianas que poderia surgir ou serem revividas a partir dele, então leu e leu, e tentou evocar de verdade a luz adormecida em suas veia até cansar e cair no sono ao que parecia.

Só que naquele momento, não estava pensando na história das Valquírias, nem em técnicas de combate envolvendo luz ou na sacerdotisa, estava sentindo falta de braços ao redor dela e dos beijos sobre seu rosto. Talvez, ela tenha ficado mal acostumada. Só que, aquela sensação estranha... Bem no fundo da mente, pairando sobre ela, não queria ir embora.

Gwyn mexeu a cabeça de um lado para o outro de novo, era preocupação. Az estava bem, ela disse a si mesma, e daqui a dois dias provavelmente estaria em casa. Ele tinha um padrão, normalmente não ficava longe por mais tempo que três dias.

Então, ela respirou fundo de novo, colocou o couro Illyriano e organizou as folhas que tinham se espalhado e aproveitou que estava adiantada para ler mais um pouco delas e após se cansar daquilo, olhou para as próprias mãos, tentando fazer a luz emergir sobre elas, mas nada aconteceu, até chegava a sentir o formigamento nas palmas, mas... nada, então, parou de tentar.

Quando chegou a hora do treino, ela saiu do quarto, ainda carregando alguns dos manuscritos nas mãos, queria mostrar aquilo a Nestha e Emes, para saber o que pensavam a respeito, mas encontrou apenas a primeira na mesa, tomando café da manhã.

— Bom dia.

Nes engoliu o pedaço de pão que estava mastigando e respondeu:

— Bom dia. — ela apontou para os papéis — O que é?

— Merrill me pediu para pesquisar mais sobre as técnicas originais das Valquírias, já que as primeiras guerreiras provavelmente eram estrelas — aquilo ainda soava estranho para ela — como eu, ela se perguntou se não existiam técnicas de usar luz em combate.

— Humm... Isso pode ser interessante, acha que consegue fazer isso?

A ruiva deu de ombros.

— Não sei, sinceramente, mal consigo evocar luz, e quando tento muito sinto dor de cabeça, Amren disse que era fácil e às vezes é, outras não...

Nestha franziu o cenho e esperou a explicação, então Gwyn a deu, disse como às vezes era fácil sentir aquilo sobre a pele e deixar que viesse à tona, mas quando queria fazer isso com algum propósito, não acontecia. Disse o que Merrill havia lhe dito, sobre como para que um clã de guerreiras fosse criado, provavelmente não era só a aptidão física e inteligência, que talvez o dom que tinha houvesse naturalmente uma inclinação para auxílio em batalha e depois que terminou de falar, sua irmã estava um tanto pensativa.

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora