CAPÍTULO 35

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Tinha sido um longo, longo dia.

Ela tinha feito tudo que Merrill tinha pedido e um pouco mais. Tinha ido até o culto e colocado tanto quanto podia daquela coisa em seu peito para fora, desejando que aquilo fosse o suficiente para que sumisse, mesmo cansada de saber que aquilo nunca iria acontecer.

A noite melhorou quando subiu até a Casa e se colocou entre Emerie e Nestha, quando ficou conversando sobre como seria esplêndido quando Emes tivesse seus sifões. Como aquilo era importante.

Emerie seria a primeira. A primeira Illyriana a participar do Rito de Sangue, a escalar a Quebra e a tocar a pedra acima da montanha e vencer. A primeira a ser reconhecida como uma guerreira Carynthiana e receber sifões.

Orgulho surgiu em seu peito. Era da sua amiga, da sua irmã de coração e da alma que estava falando.

Ela tinha prometido ir até o acampamento dali a cinco dias, porque de jeito nenhum iria perder aquele momento, deixar de presenciar aquela parte da história, quando a primeira fêmea de Illyria, Valquíria e guerreira Carynthiana receberia seus sifões.

A primeira. Sua irmã havia pontuado, porque esperava que isso fosse trazer uma mudança, que depois dela houvessem mais. Gwyn torcia com todas as suas forças por isso e ajudaria e faria tudo o que estivesse a seu alcance para que acontecesse.

As três tinham entrado em conversas que se seguiram por outras e rodeavam em torno dos assuntos. Elas tinham comido tanto chocolate que deveria ser proibido, duas taças de vinho — ou três? — para cada uma.

As duas tinham apertado ela num abraço esmagador. E tinha sido o suficiente. Mais que o suficiente para deixar aquela sensação ruim de lado. Por um tempo.

No entanto, ela estava jogada numa cama muito grande e parecia errado. Estava num quarto espaçoso e mesmo assim parecia sufocante. Mas ela estava bem. Estava sim. Só precisava de um pouco de tempo. Só isso.

Só que Gwyn fechou os olhos com força e respirou tão fundo quanto podia, mas a sensação de que não tinha ar o suficiente chegando aos pulmões permaneceu. E ela se perguntou até quando.

Quanto tempo?

Como dez horas poderiam parecer um maldito ano?

Não sabia. Não fazia a mínima ideia de como aquilo era possível. Mas o dia tinha se arrastado, ele tinha feito o que precisava e mesmo assim as horas passaram devagar. Talvez isso fosse culpa da angústia em seu peito.

Azriel sabia que ela tinha passado a maior parte da noite com Emes e Nes, tinha ouvido uma gargalhada ou outras, os murmurinhos quase indecifráveis das conversas e ela parecia bem. A risada parecia verdadeira. Mas ainda tinha aquela coisa por trás. E ainda tinha a lembrança do que Rhys a tinha sentido sentir e era sufocante.

Então ele subiu até o ringue, se sentou e esperou. Emerie tinha dito que Az a conhecia, era verdade, ele sabia que Gwyn iria precisar fazer alguma coisa para ocupar sua mente, que teria que focar no que quer que fosse para não ficar ouvindo os próprios pensamentos. Sabia disso porque fazia o mesmo e porque já a tinha visto fazer aquilo dezenas de vezes. Era diferentes em muitas coisas, mas eram iguais naquilo.

Por isso ele ficou ali, esperando. E quando ela precisasse ele continuaria ali. Azriel não se importava se aquilo poderia levar a noite inteira.

O mestre espião estava começando a ter a sensação de estar enlouquecendo de preocupação quando suas sombras disseram o nome dela, quando os passos apressados soaram na escada. Ele respirou fundo quando a viu parar na entrada do arco, quando a viu fazer o melhor para arrumar a postura e começar a caminhar com passos leves.

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora