CAPÍTULO 24

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A primeira coisa que sentiu foi o leve calor dos raios de sol em seu rosto, ela resmungou ao abrir os olhos e claridade lhe invadir, lhe despertando.

Gwyn se sentou na cama e se deu um momento para lhe dar uma tapa mentalmente, tinha se esquecido de fechar a janela e agora estava acordada antes do que era necessário e já acordava cedo o suficiente.

Conforme ela foi acordando de fato, as memórias foram voltando. Na verdade, Az voltou a sua mente e toda a conversa que eles haviam tido, tinha passado pelo menos uma hora antes de pegar no sono pensando naquilo, nele, no leve toque das mãos de ambos - ela podia jurar que ainda o sentia - no que ele tinha lhe dito sobre a mãe.

A mãe dele.

Agora estava se sentindo uma idiota, na hora também tinha, mas não houve muito tempo para continuar se sentindo daquela forma, só que agora tinha bastante tempo. Ela tinha ficado com ciúmes... Pensando bem, talvez, "ciúmes" fosse uma palavra forte, ela havia ficado... Levemente incomodada? Certo, talvez tenha sido ciúmes. O que não fazia sentido porque ela sequer tinha o direito de sentir ciúme.

Não sabia se deveria sentir vergonha ou rir de si mesma. Mas em sua própria defesa, era uma situação minimamente estranha, já passava de uma da manhã e Az estava chegando com um leve cheiro, inconfundivelmente, feminino nele. Como ia adivinhar que estava voltando da casa da mãe às uma da manhã?

Sim, certo, ela também estava acordada às uma da manhã, mas isso era porque quando tinha voltado do escritório de Merrill, depois do culto noturno, não tinha conseguido parar de pensar na mão dele descendo por sua coluna, a pressão delas em sua cintura, a respiração aquecendo seu pescoço. O mesmo arrepio que passava por ela todas as vezes que pensava nisso a percorreu de novo.

Havia passado o dia todo pensando naquilo e quase não conseguiu se concentrar em algo que não fosse aquilo, mas o trabalho tinha ajudado - pois era algo que em tinha que focar - mas quando não havia mais nada que a impedisse de pensar e pensar e pensar... Havia ficado complicado e, bem, ela se lembrou que tinha dito iria levar outros livros para ele, na verdade tinha sido uma desculpa. Uma boa desculpa. Porque precisava ao menos vê-lo e tentar entender minimamente alguma coisa e assim que deu o primeiro passo para dentro da Casa do Vento, Az estava parado na varanda e quando ela se aproximou, sentiu o cheiro.

O cheiro da mãe dele.

Mas ela não sabia disso. Não tinha como saber. E tinha sentido ciúmes, mesmo dizendo a si mesma que não deveria sentir, havia repetido pelo menos algumas milhares de vezes que aquilo não era problema dela e que nem deveria estar pensando nisso, que Azriel fazia o que bem entendesse, com quem bem entendesse e... E ela não conseguia pensar naquela possibilidade sem se sentir mal.

Na noite passada tinha sido irracional por causa disso, se irritou com ele por nada, até tentou disfarçar quando percebeu que havia ultrapassado um limite, mas até ele tinha percebido e quando falou isso, ela se sentiu um tanto ridícula. E repetiu trezentas vezes em um segundo que Az era completamente livre para ficar com quem quisesse. Mesmo que a ideia não fosse agradável.

Quando ele tinha se desculpado, o que não precisava ter feito, se sentiu ainda mais estúpida e inventou uma desculpa sobre o trabalho, sobre os dias não estarem sendo exatamente fáceis - isso não era mentira - mas quando olhou de novo para o Illyriano percebeu que também tinha algo lhe incomodando e quando disse que os dias não estavam sendo fáceis para ele também... Bem, primeiro pensou que talvez tivesse brigado com a amante - estava bem ciente da careta que fez ao pensar na palavra - e a última coisa que gostaria era ouvir Az falar de outra pessoa, mas antes de tudo era seu amigo e se importava demais com ele para deixá-lo daquele jeito.

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora