CAPÍTULO 47

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Gwyn deixou a biblioteca, graças a Mãe tinha conseguido convencer Merrill a liberá-la mais cedo, mas não tinha sido muito difícil, não quando os próprios Grão-Senhores estariam presentes naquela reunião, em mais uma. Ela ainda ficava meio deslocada em participar daquelas coisas, mas como Nes havia dito elas tinham acabado entrando naquela confusão, então, teriam que lidar com ela.

Só que estava um tanto nervosa ao subir até a Casa do Vento, a última vez que tinha visto Azriel havia isso na noite em que ele lhe deu Portadora da Luz, e isso fazia quatro dias. A Valquíria tinha passado horas de todos aqueles dias olhando para a adaga, observando cada padrão, mal precisou se acostumar com o peso dela, parecia simplesmente natural manuseá-la.

Quando Nestha e Emerie viram a arma quase tiveram um surto, disseram que era basicamente a forma de Azriel a pedir em casamento, e quando viram como ela ficou ao ouvir aquilo perguntaram o que tinha acontecido, ela não tinha dito tudo, só dito que não sabia muito bem o que significava já que ele tinha sumido, e não era uma completa mentira, estava realmente apreensiva, com medo de ter estragado tudo. Mas duas disseram que isso deveria ser por conta do trabalho dele, que ela sabia como Azriel era, e isso também era verdade.

Gwyn respirou fundo, tentando não se perguntar pela milésima vez o que teria acontecido se não fosse tão malditamente covarde, se tivesse apenas dito tudo... A ruiva balançou a cabeça e afastou o questionamento, provavelmente ele estaria ali e depois disso... Falaria com ele, falaria a verdade, porque se havia algo que tinha aprendido nos últimas dias era que sentia falta dele. Muita, mais do que deveria.

No entanto, agora era um momento em que deveria estar concentrada, mesmo que Nestha houvesse insistido que deveria participar, receber um convite irrecusável, pelo fato de terem lhe dito que ela deveria comparecer, era um tanto inquietante. A sacerdotisa colocou os pensamentos mais uma vez de lado e subiu os últimos degraus que levavam até a Casa e foi em direção a sala.

O primeiro que entrou no seu campo de visão foi Azriel, que estava de costas para a porta e se virou assim que pôs os pés na sala, o olhar deles se encontraram e tudo o que sentiu foi aquela coisa se agitar no peito, assim como uma pontada de alívio quando ele fez um quase imperceptível gesto com a cabeça e o canto esquerdo da boca dele ergueu um pouco e ela sorriu.

O que não havia notado era que olhar do mestre espião atraiu os dos demais. Rhys disse enquanto ela entrava mais no cômodo e sentava, sem conseguir desviar a atenção de Az:

— Agora estamos todos aqui, comece a falar Amren.

A conselheira da Corte apenas fez um gesto leve e casual com a mão e falou:

— Melhor se sentarem.

Mas todos os instintos de Gwyn disseram que deveria ficar em pé e os outros parecerem pensar o mesmo por que trocaram um olhar, talvez tenha sido o tom da fêmea. O Grão-Senhor foi o primeiro a se sentar e depois eles seguiram a deixa, apenas Azriel ficou de pé, escorando o peso do corpo na lateral de uma pilastra.

— Pode falar agora? — Nes perguntou.

Amren estalou os dedos, um livro de capa negro aparecendo, um arrepoio desceu por sua coluna, talvez não tivesse sido só o tom que a fizera ficar em alerta.

— Estive estudando todas as lendas e fragmentos das histórias do início desse mundo, de quando ela passou a se tornar o que é hoje. E só consegui encontrar algo realmente interessante e coerente nisso aqui.

Juraria que o exemplar parecia pulsar. Feyre estava com o cenho franzido, olhando para o livro e perguntou:

— E o que ele diz?

— Diz que há muito tempo, antes mesmo de eu chegar a esse mundo, em um tempo em que a magia ainda era selvagem e essa terra sequer tinha um nome, três irmãos sombrios rasgaram a fenda do tempo e espaço e caíram aqui, junto a outros dos seu povo, eram terríveis e mais poderosos do que qualquer coisa que já houvesse pisado nessa terra até então, deveriam já ter conquistados outros mundos, eles eram a destruição e o caos. Alguns diziam que eram os verdadeiros Deuses. Eram temidos e adorados pelos os que aqui viviam. No entanto, nem todos se ajoelharam diante deles por boa vontade. Além disso, aqui também existiam seres poderosos e com dons divinos, e corajosos o suficiente para se oporem a eles, os enfrentarem. Ou tentarem.

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora