CAPÍTULO 86

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Havia sangue até os seus cotovelos.

Aconteceu em minutos, primeiro os exércitos ficaram um de frente para o outro, os tambores de guerras como um som agourento, então, forçaram suas barreiras até que cada uma começasse a ruir... E quando aconteceu... Nunca poderia dizer que espada tinha sido erguida primeiro, quem gritara mais alto, ou qual a gota de sangue que caiu antes de qualquer outra.

Soldados, a pé, montados em cavalos ou ursos ou bestas, voando, conjurando escudos, explodindo coisas, cortando gargantas, perfurando corações... Tudo era uma sinfonia disforme de um pandemônio, alto demais, desesperador demais. O cheiro de sangue e medo e raiva já rodeavam tudo.

O caos havia se espalhado tão rápido que não percebeu o momento em que as Valquíria haviam se dissipado, que não sabia em que ponto havia se separado de suas irmãs. Tudo o que via era sangue e aço.

Gwyn tentou respirar fundo, mas o ar queimava em seus pulmões. Sua boca estava completamente seca e tudo que ela conseguia fazer era manter a espada erguida e Portadora de Luz pronta para o próximo golpe.

Veio logo em seguida, um guerreiro humano, não podia ser mais velho que ela. Ele avançou em suas direções às cegas, levado pelo instinto e pelo empurrões dos outros soldados que golpeavam o ar ao seu redor.

A Valquíria girou a espada na mão e bateu contra a dele, a força do golpe vibrando por seu corpo inteiro. Ela o desestabilizou, era uma feérica, treinada ainda por cima, mesmo que o homem à sua frente tivesse mais músculos, não chegava a ter sua força.

Ela viu o medo tomar conta dos olhos dele por trás do capacete quando se deu conta daquilo, quase sentiu remorso pelo o que teria que fazer, mas... Já tinha feito, fora instintivo, a lâmina já tinha atravessado a armadura, já tinha aberto uma ferida mortal.

O guerreiro já estava no chão, morrendo, levaria alguns minutos, ele sangraria até morrer e... Acabaria para ele. Mas não acabaria para ela, por isso não esperou para ver seu fim, só avançou mais e mais e mais.

Estava retirando a adaga da lateral do pescoço de um soldado quando ouviu o grunhido que fez seu sangue gelar. Ela se virou a tempo de ver a criatura cinzenta e escamosa tomar impulso e pular.

Seu coração parou por um segundo, juraria que seu corpo antecipou o ardor que sentiria quando aqueles dentes se fechassem ao redor dela, mas... Não, o ardor que tinha sentido era do golpe de fogo que lançou a carcaça fumegante daquele bicho longe.

Gwyn virou a cabeça na direção de onde o pulso de poder tinha vindo e viu Lucien, tão sujo quanto ela, espada numa mão e chamas em outra. A Valquíria fez um gesto em agradecimento e tudo que o Grão-feérico fez foi dizer:

— Fique mais atenta, Berdara, ou vou achar que sou um guerreiro melhor que você.

Ela girou a espada na mão e retrucou, já pronta para o adversário que se aproximava:

— Sou uma Valquíria, Foguinho, não pode ser melhor que eu.

E continuou lutando.

E continuou lutando

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𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora