Ondas fizeram seu corpo oscilar quando conseguiu chegar à superfície, ainda segurando firmemente a espada e a levando com ela. Mas... A água estava levando, estava sem ar e sem força para lutar contra a maré que a empurrava para o meio do oceano turbulento.
— GWYN!
Ela quase chorou ao ouvir a voz, só que não estava conseguindo o ver, mal conseguia se manter acima das ondas. Então, reuniu o pouco fôlego que ainda tinha e gritou de volta:
— AZ!
A água ao seu redor bateu contra ela, a levando mais para longe e quando conseguiu se manter estável sobre ela de novo, uma onda veio com força e a cobriu por inteiro, quase a fazendo soltar a lâmina em suas mãos.
A ruiva arfou por ar quando seu rosto ficou sobre a água negra e gelada. Ela tentou achar Azriel no meio daquela confusão de ondas, mas tudo o que via era a água enfurecida ao redor.
Não podia passar muito mais tempo ali, seu corpo tinha um limite e aquela espada pesava. Não sabia que conseguiria subir de novo se as ondas a engolissem outra vez. E a luz em suas veias não serveriam para ajudá-la ali.
— AZ! — gritou de novo, mas só o som do aceno raivoso respondeu.
Oh, Deuses. Oh, Deuses... E se tivesse acontecido algo? E se ele não tivesse conseguido ir contra aquela maré?
— AZRIEL!
Nada. Absolutamente nada. As ondas a levaram para mais longe e ela nem sabia onde estava, não via mais o rochedo, nada além de água. E não via Az. Seu corpo estava ficando ainda mais pesado e a água estava começando a entrar em sua boca, a fazendo engasgar.
Estava quase entrando em pânico quando o sentiu antes de ouvir a voz rouca e ofegante, antes mesmo de sentir os braços dele ao redor de seu corpo.
— Gwyn! Gwynie... Graças aos Deuses — ele a apertou contra si, falando quase sem ar — Graças aos Deuses.
Ela não conseguiu dizer nada, fazer nada além de se segurar, deixando que seu corpo cedesse e se apoiasse contra o dele — mas ainda se esforçando para continuar segurando Narben.
O coração de Azriel estava acelerado conforme ele ia contra a corrente e a força das ondas. Gwyn tentou voltar a respirar normalmente e isso só resultou nela tossindo, uma tentativa de seu corpo expulsar a água salada dela.
Estava tonta demais, sua cabeça estava pesada e ela estava ocupada tentando não convulsionar por conta da falta de ar e não soltar a espada para notar quanto tempo se passou até que chegasse até o rochedo e Azriel empurrasse seu corpo para fora d'água.
Assim que estava contra a pedra, seu corpo cedeu, ela largou a arma que ainda brilhava e simplesmente vomitou, e o gosto ruim que tomou conta de sua boca fez com que vomitasse outra vez.
Azriel apenas segurou seu cabelo e quando ela parou de vomitar — tremendo completamente e as lágrimas só começaram a transbordar, efeito da quebra de adrenalina e das lembranças — o encantador de sombras a abraçou com força e ficou assim, até que ela pudesse respirar normalmente de novo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠
FanfictionSorrir não é o mesmo que estar bem. Não falar não significa não ter nada a dizer. Azriel sempre guardou para si tudo o que sentia. Suas cicatrizes são muito mais profundas que aquelas em suas mãos, seu passado ainda paira sobre ele como um fantasma...