CAPÍTULO 13

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Azriel tinha acabado de pisar na varanda da Casa do Vento e sua mente ainda estava nas últimas palavras que havia trocado com Rhysand, sinceramente, estava se sentindo estranhamente mais leve, como se tivesse tirado de sua costas um peso que sequer sabia estar carregando.

Ele mexeu levemente a cabeça, mesmo tendo ciência de que ainda precisava resolver tudo com Mor e, em algum momento, conversar com Elain. Não tinha sido justo com ela, se a ignorar como vinha fazendo também não era certo, mesmo sabendo que provavelmente era o melhor para ambos, a outra opção teria sido criar uma grande confusão que só traria mágoas e problemas.

O mestre espião respirou fundo e decidiu que bastava de pensar naqueles assuntos por hoje, até porque tinha coisas mais urgentes, como por exemplo pensar em formas de ultrapassar as barreiras dos castelos humanos sem precisar quebrá-las ou em uma forma de descobrir para quê aquele ferro servia.

E, mesmo com todas aquelas coisas em mente, se viu tendo vontade de conversar com Gwyn, falar com ela sobre as Valquírias irem a guerra, perguntar diretamente o que ela achava daquilo tudo, o que sentia em relação a aquilo tudo, porque imaginava que não deveria ser fácil. Para nenhum deles era.

Antes que se desse conta estava parado de frente a porta do quarto dela, com a mão erguida para bater, mas ele parou. Gwyn não estava ali, suas sombras confirmaram aquilo, que o quarto estava vazio. Amanhã então.

Azriel baixou a mão, seguiu para seu quarto e quando chegou lá se forçou a se concentrar nos relatórios de seus espiões, fazendo anotações próprias em relação aos que havia escrito ali, tentando encaixar tudo numa teia que fizesse todas as informações se tornarem coerentes.

Só quando sua cabeça começou a doer foi que parou, aquilo fez com que sentisse mais uma vez aquela estranha sensação de leveza, não por estar com dor de cabeça, mas... Há meses atrás isso faria com olhasse para o presente que Elain tinha lhe dado num Solstício, mas agora isso só lhe passou pela cabeça para o lembrar que a meses o tinha guardado no fundo de uma gaveta e não sentia falta.

O Illyriano passou a mão no rosto, aquelas coisas o deveriam incomodar, mas não incomodavam, era estranho para ele perceber que manias e sentimentos eram coisas diferentes, que às vezes estamos apenas apegados ao hábito porque é mais fácil, nos coloca numa zona conforto, mas que na verdade são só isso: hábitos. E os sentimentos que supostamente estavam envolvidos nele sumiam quando se dava conta daquilo.

Ele soltou um suspiro, por mais frustrante e apesar de toda a confusão de sentimentos que a conversa com Mor tinha lhe causado, fora esclarecedora. Talvez tivesse precisando disso para se livrar daquela teia em que tinha se colocado.

Azriel balançou a cabeça, estava mesmo era precisando de banho, então, afastando os pensamentos, foi e quando saiu tinha um prato de comida na sua escrivaninha ao lado de algumas adagas que ele tinha jogado ali e deixado. Ele, como um idiota, encarou as paredes da Casa e como se em resposta um garfo caiu ao lado do prato.

Tudo bem, então.

O mestre espião comeu, nem sabia que estava com tanta fome até que não sobrava mais nada da refeição e ele mal tinha engolido a última garfada quando seu prato sumiu e meio sem jeito ele murmurou um:

"Obrigado."

Uma das luzes feéricas piscou, como se respondesse:

"De nada."

O Illyriano sorriu de leve, começando a entender o porquê de Nes gostar tanto da Casa. Ele voltou para o trabalho, analisando os mapas que tinha das terras humanas, vendo as plantas dos Castelos, tentando encontrar alguma passagem, após um tempo sem conseguir achar nada de novo, olhou para a sua própria cama, pensando seriamente em tentar dormir e estava indo fazer justamente isso quando um barulho vindo de alguns quartos de distância ecoou abafado pelas paredes.

𝐶𝑜𝑟𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑜𝑚𝑏𝑟𝑎𝑠 𝑀𝑒𝑙𝑜́𝑑𝑖𝑐𝑎𝑠Onde histórias criam vida. Descubra agora