Capítulo 6

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Eliza

Volto para meu castelo com meu estômago roncando de fome, nunca senti tanta necessidade de comer na minha vida.

Quando entro na sala de estar Arina me abraça com bastante força, parece ter ficado feliz por ter voltado viva para cá.

—eu tô morrendo de fome.— falo só pensando nisso, estou usando somente a blusa do Dante para cobrir meu corpo, os guardas estão fazendo o possível para não olhar para mim, consigo ver isso na expressão deles, pois parecem se forçar a olhar para frente.

Arina —vou mandar as cozinheiras preparem um banquete enorme com tudo que desejar, jovem rainha.— agora eu sou a verdadeira rainha, ainda não consigo acreditar nisso, pensei que fosse morrer nos testes.

—certo, mas não quero que sirvam o Dante ou deixem ele entrar na sala de jantar.— falo e ela fica sem entender por um tempo.

Arina —tem certeza que quer começar seu reinado arrumando problemas com o guardião mais importante do purgatório?— ela parece não concordar muito com isso.

—disse que faria da vida dele um inferno e irei honrar minha promessa.— falo decidida.

Arina —como é a rainha legítima agora não posso te contradizer, mas precisa saber que os guardiões são as únicas pessoas que não são obrigados a obedecer suas ordens, porque eles já foram criados com um objeto que é cuidar do submundo e proteger a família real que agora é você.

—entendi, não posso mandar neles, e eles nunca vão poder me machucar.— falo e ela afirma com a cabeça.

Arina —vamos para o seu quarto, precisa tomar um banho, não pode comer coberta de sangue e semi nua.— diz caminhando em direção ao quarto enorme que acordei no outro dia.

—certo.— falo andando atrás dela estranhando meus seios que não param de se movimentar enquanto caminho,  é como se eu tivesse duas laranjas enormes no lugar do meu peito.

Entro no quarto  e depois no banheiro,  Arina sempre me ajudou a tomar banho desde criança, é como uma irmã mais velha chata e autoritária.

—eu não entendo porque o purgatório me deu seios enormes, não acho necessário.— falo indo para debaixo do chuveiro.

Arina —não é para atrair homens se é isso que está pensando, os habitantes do purgatório precisam comer bastante para se nutrir e criar energia, é a mesma coisa que os bebês precisam para crescer saudáveis. Uma mãe adequada no purgatório precisa ter seios grandes para não deixar o filho passar fome, por causa da necessidade constante de beber leite, quando maior o seio mais leite ela produz. Quando você decidir casar e ter filhos não vai precisar se preocupar se irá ter dificuldade para alimentar suas crias, com esses seios já pode ficar tranquila, também tranquiliza um pouco o purgatório por saber que o futuro rei ou rainha será bem nutrido.— só fico olhando para cara dela enquanto lava meus cabelos.

—vai dizer que o quadril largo é para algo importante também?— pergunto enquanto penteia meu cabelo.

Arina —mulheres com quadril largo sofrem menos na hora do parto, e tem menos chance de morrer também.

—estou me sentindo uma incubadora.— falo pois realmente está parecendo isso.

Arina —você pode não querer ter filhos, a escolha é sua rainha, só estou aqui para aconselhar você e cuidar do castelo.
(...)

Termino de me arrumar com um vestido mais largo, pois todas as minhas roupas não passam pela bunda e minhas blusas não passam pelos seios.

Meu rosto continua o mesmo, é muito estranho pensar que esse não é o corpo que eu nasci.

Desço as escadas para ir ao salão de jantar, estou a pensar muito em como todos vão reagir ao saber que estou viva, ainda mais ao verem esse corpo que eu acho extremamente exagerado.

Um dos guardas abre a porta do salão principal para mim entrar, agradeço e entro vendo a grande mesa cheia de comida, escuto minha barriga a roncar, estou literalmente morrendo de fome, agora entendo porque Dante comia igual um  boçal sem educação, dá vontade de fazer a mesma coisa.

Os guardiões estão na mesa conversa, ainda não notaram que eu cheguei, Dante não está, provavelmente não foi convidado, já que agora sou a rainha os empregados e guardas também devem me obedecer  mesmo que gostem muito dos guardiões.

—eu voltei, estou viva.— falo e eles se viram me olhando,  o olhar deles primeiro foi para o meu rosto, e depois foram descendo, mas Cristian virou o olhar antes de me olhar inteira, me pergunto se não gosta de mim ou está sendo cavaleiro.

Adam —vejo que ganhou um novo corpo, está mais linda e radiante, deve ter gostado.— diz o loiro a me olhar com um sorriso.

—estou me acostumando.— falo me sentando na cadeira perto de Arina.

Arina —posso mandar servir? Parece estar com bastante fome.— só faço um sim com a cabeça, vejo que ela bate as palmas das mãos e os empregados começam a servir.

Henri —conseguiu desbloquear seus poderes nesse novo corpo imagino.— ainda sinto que tem algo bloqueado dentro de mim, tem muito energia presa dentro do meu peito.

—uma parte eu acho que consegui, mas sinto que agora parece ter mais coisa.— só paro de falar ao ver a empregada servindo meu prato de comida com todos os tipos de carne.

Arina —já pensou em se tornar uma mulher logo para ver se desbloqueia mais facilmente, pois está parecendo muito complicado.— fico sem entender o que ela quis dizer.

—eu realmente não entendi.

Henri —ela quis dizer perder a virgindade para ver se desbloqueia, agora que já tem 18 anos não seria tão estranho ela te dar essa opção.— paro de comer ao ouvir isso, mas logo volto por estar morrendo de fome, me controlar para parecer educada é difícil.

Arina —é só uma opção, Eli.— diz comendo.

Cristian ainda não disse uma única palavra, estamos comendo, mas achei que ele iria falar qualquer coisa.

Escuto um som bem alto enquanto estou a comer, olho para a porta principal sendo aberta com vários chutes,  Dante tacou os guardas que tentou o parar para dentro, está bravo e isso está estampado em seu olhar.

Dante —qual seu problema sua peste?! — continuo a comer o ignorando, se ele ousar fazer algo vou tacar ele pela grande janela.

—quer comer? Peça com jeitinho e eu deixo.— falo comendo o bacon olhando para cara dele.

Vejo que ele fica irredutível olhando para minha cara por em tempo.

Dante —poderia parar de ser mesquinha e me deixar comer.... Rainha?— só noto que as coisas a minha volta estão tremendo um pouco, acho que é a raiva dele emanando de seu corpo.

—pegue sua comida, as empregadas estão proibidas de servir você.— falo com um sorriso vitorioso.

Dante —eu só quero deixar bem claro que foi você que começou com isso.— diz puxando uma cadeira, ele serve seu prato com uma quantidade enorme de comida, Cristian está tranquilo, mas ainda não disse nada.

Eu espero que minha relação com ele melhore, eu quero tanto me aproximar mais, conhecer ele e os guardiões, menos o Dante, quando mais longe estiver dele melhor.

Rainha do PurgatórioOnde histórias criam vida. Descubra agora